Hoje, 1º de maio de 2020, Dia do Trabalho, é um dia atípico, seja com relação ao calendário e estação climática, seja nas comemorações alusivas às atividades laborativas, sua relação com a macroeconomia e fonte de renda para o sustento de cada um. Lá fora há um belo céu azul de brigadeiro, muito sol, porém um frio que não corresponde à estação, em curso, fazendo crer que estamos em pleno inverno, final de junho ou princípio de julho. Pouco antes de o sol despontar, os termômetros marcavam nove graus, temperatura nunca esperada para o início de maio. Mas essa queda não foi repentina, pois o verão não foi lá essas coisas; bastando dizer que em quatorze de março a temperatura esteve a quatorze graus. Quanto ao Dia do Trabalho, o que se recomenda é que não se comemore, fique casa, o que nem sempre é possível para muitos, como medida de contenção do coronavirus, que se espalhou por todo o mundo, bagunçando a economia, isolando pessoas e países, além de eliminar milhares de vidas ao redor do planeta. Ao desemprego anterior à pandemia do coronavirus, causador da doença COVID-19, acrescente-se gigantesca legião de pessoas alijadas do mercado de trabalho, em consequência da crise econômica forçada pelo combate à mesma pandemia. Não só se reduzem os postos de trabalho, mas, o que é pior, fecham-se empresas, que poderiam recuperá-los. Aqui já foi dito que, praticamente em todos os sentidos, o mundo não mais será o mesmo depois da pandemia, a começar da economia, à qual se vincula o trabalho como fonte de renda e de sustento, que pode faltar. É bom frisar trabalho “como fonte renda e de sustento”, porque outros tipos de trabalho há que, além de não proporcionar renda e nunca faltar, muitas vezes, não são devidamente reconhecidos como, por exemplo: trabalho da dona de casa, trabalho voluntário, trabalho altruístico.
Acrescente-se ainda que trabalho não é somente aquele que faz barulho, exige esforço físico ou faz transpirar, pois há também o trabalho sem esforço físico, silencioso, que exige muita concentração e esforço mental. As primeiras mudanças relativas ao trabalho já se fazem notar com a transferência do escritório, da empresa para o domicílio do empregado onde, com menor risco de contágio, o trabalho passa a ser executado. A transitoriedade, alegada neste momento de isolamento social e quarentena, converter-se-á em permanente para grande parte de trabalhadores, livrando-os de uma série de inconvenientes; não mais terão que se deslocar de casa, enfrentar o trânsito ao volante ou dentro de coletivos, não se afastarão da família, com a qual farão suas refeições, e, terão reduzidas as ocasiões de eventuais atritos no ambiente de trabalho. Em consonância com a lei da compensação na área do trabalho, serão eles os grandes beneficiados pela pandemia, ficando evidente, mais uma vez, que o considerado mal, por uns e para uns, pode ser o bem para outros. Outro tanto de trabalhadores, depois de passar pela experiência do isolamento social, aproveitado esse período para pesquisas e detecção de oportunidades, oferecidas pela internet, poderão deixar o emprego formal e abraçar, definitivamente, o empreendedorismo digital. No lado empresarial, algumas das inovações, aqui sugeridas, na série “Exercícios de futurologia” poderão ganhar corpo, sobretudo no comércio. Um ponto nevrálgico nos negócios, de qualquer lojista é a gerência de seu estoque, que deve ser mantido num nível a garantir o produto na loja sem que, para isso, tenha capital empatado, naquele produto estocado, por muito tempo. Capital empatado em produto com baixa saída é capital faltante para ter outro produto à venda. Além da cessação das vendas e consequente quebra da renda, durante esta pandemia, o estoque é empate de capital, tremendamente necessário nesta emergência, que muito tempo levará para ser recuperado na volta à normalidade. Mas essa normalidade não mais será como até então. Pouca coisa restará do conhecido e praticado, especialmente na área comercial, na qual alguns setores deverão, praticamente, ser reinventados.
Para quem já foi para a retaguarda, não mais tem compromissos forçados fora de casa, não curte ociosidade nas ruas e ocupa seu tempo com trabalho, até que a quarentena não faz muita diferença, com exceção daqueles que, por conta dela, passa a ter, ao lado, familiares estressados pela mesma situação. Os da retaguarda formam o maior grupo de risco, mas sob o comportamento já descrito estão mais protegidos que todos os demais.
O velho, aposentado, em casa, pode e deve superar estes momentos, desde que consciente da situação e não influenciado por mal informados. Contudo, mesmo entre eles pode haver aquele que se rebela contra a imposição, reclamando o direito de ir-e-vir à hora e como bem entender. É como aquele que não gosta e não come jiló, mas faltando o legume no mercado, brada aos céus pela oferta do jiló! Coisas da natureza humana! Para os forçados a se afastar do trabalho e ficar em casa a coisa é diferente. Não é fácil para ninguém deixar de trabalhar, por circunstâncias adversas à sua vontade, ficar retido dentro de casa e, para completar o quadro negativo, ter o orçamento doméstico comprometido por redução da renda. É necessário muito equilíbrio psicológico, nesses momentos, para suportar razoavelmente a situação e não influenciar, negativamente, demais membros do grupo familiar. O mais recomendável é que a pessoa se mantenha ocupada, se não com afazeres domésticos, atividades físicas, que leia, escreva ou se ocupe com algo como resolução de palavras cruzadas. Em forma passiva, o melhor é ouvir boa música. O menos recomendável é ver televisão, especialmente o noticiário. Embora se sinta agredido no direito de se movimentar, quem fica em casa pode se considerar um privilegiado, em comparação com aquele que continua a sair para o trabalho e, em razão disso, está mais exposto ao perigo, no transporte coletivo e toda vez que, em razão do trabalho, tem mais proximidade com outras pessoas. A pessoa com a qual se mantém contato pode estar contaminada e nem saber, mas a transmissão da doença pode se fazer, naquele momento de proximidade sem os devidos cuidados, de ambas as partes, como o toque de mãos e o não uso de máscara, por exemplo.
Uns podem se contagiar e escapar da doença, mas a transmitem a outros, que a desenvolvem com muita facilidade. No topo da ocasião de contágio estão profissionais da saúde, dos quais a circunstância exige o máximo, em trabalho de risco e nem sempre estão protegidos na mesma proporção. Cabe a eles o maior sacrifício, em trabalho e em nível de risco para si e para suas famílias que, mesmo isoladas em casa, podem ser contaminadas por médicos(as), enfermeiros(as) e outros, ao retorno do trabalho para casa. Como forma de diminuir esses riscos, muitos se hospedam longe de seus domicílios, gerando dissociação física do grupo familiar e consequente angústia; mais sofrimento agregado!
Ainda longe de ser plenamente dominada, a pandemia ainda poderá causar muito sofrimento, além da saúde e das perdas em vidas, em decorrência da drástica redução nas atividades econômicas, imposta pelo necessário distanciamento social. Milhões de pessoas, em todo o mundo, se juntam à parcela anteriormente já desempregada; milhares de pequenas empresas se fecham; negócios se reduzem. Governos são forçados ao gasto de seus recursos para minimizar o impacto social, que implica na simples sustentação alimentar de grandes parcelas da população, desvinculadas da cadeia produtiva regular.
Configura-se, para depois da pandemia, um novo mundo, no qual pouco restará da economia anterior à mesma e, paralelamente, poderão ser resgatados antigos valores humanos, desaparecidos por força da pressa e do foco no TER.
Lamentável é que, no Brasil, enquanto a população sofre, de todas as formas, os efeitos do coronavirus, a política continua presa às antigas práticas dissociadas do coletivo nacional e voltadas à disputa partidária e interesses correlatos. Permita Deus que entre as transformações que o mundo aguarda para o pós-pandemia, ainda que mais à frente, esteja o banimento de todos os partidos políticos, permitindo assim a instauração da DEMOCRACIA ABERTA.
PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!