Por Nylton Gomes Batista
Conforme já dito, o brasileiro ainda não havia passado, em política, por um momento marcante, decisivo, uma prova de fogo a solidificar seu sentimento pátrio e consagrar sua nacionalidade. Até aqui, viveu de ufanismos de um país grande em território, talentoso no futebol, divertido e prazeroso no carnaval, muito rico por sua natureza dadivosa. Dir-se-ia um Brasil grande, bobo e irresponsável! Enquanto se glorificava por façanhas passageiras, babava-se por conquistas pífias e se gabava por ser esperto, sempre deixou que a esperteza maior, contida nas atividades políticas, o comesse pelos pés.
De repente, a partir de golpe mais ousado contra si, deu-se conta de sua passividade e comodidade, que o diferencia, negativamente, de outros povos. Quando lhe atingem, diretamente, o bolso, o brasileiro sempre soube reclamar, mas não dava a mínima para as manobras políticas, que ensejam maior quantidade de suor de seu trabalho, sem qualquer retorno. A imprevidência governamental repetia-se a cada decisão tomada com vistas à solução imediata de seus próprios problemas como, por exemplo, o rombo em suas contas. Aumentava-se a carga tributária, sem pesar as consequências. Também ficou demonstrado que, além de imprevidentes, governos tupiniquins nem sempre tiveram competência para lidar com situações de impasse. Arrogância e presunção deveriam dar lugar à humildade que, antes de tudo, ouve. Audição antes da fala é prudência e pode ser sinal de competência. Mas, o que se sentia da parte de governos era incompetência, fruto do sistema, que não visa o bem comum, porém dos que dele participam diretamente. Vê-se que se depender do sistema e dos políticos que o compõem, este país não avança de acordo com as necessidades da população e as aspirações da sociedade, ou seja, bem-estar geral e desenvolvimento contínuo e sustentável.
Ainda que um tanto em atraso, o povo está a reagir! Tudo começou com a Operação Lavajato que, a contrapor todo um histórico de que ação policial e processo na Justiça eram coisas reservadas a pobres, processou e levou, para a cadeia, nomes famosos da política e do empresariado, envolvidos que estavam no maior escândalo de corrupção do mundo. O povo acordou, percebeu no quanto estava sendo roubado, constatando, ao mesmo tempo que a realidade estava a mudar; que poderosos com bons advogados podiam também ir para o xilindró, como qualquer outro mortal, quando flagrados em delito. Nunca se vira, na história deste país, tantas pessoas VIPs, incluindo-se ex-presidente da República, irem parar atrás das grades! Toda a nação exultou por ver a Justiça, finalmente, ser feita por atos e sem ver a quem com eles comprometidos.
Contudo, este mesmo autor, embora exultante como os demais pelo êxito da famosa operação, advertiu que tudo voltaria a ser como antes, se o país continuasse com o mesmo modelo político. Se assim continuasse, melhor seria trocar o nome Operação Lavajato por “operação enxuga gelo”. Entretanto, para a reversão do quadro, a se configurar com aqueles processos, ao estágio anterior à Lavajato, presumia-se o decurso de alguns anos e o cumprimento da pena recebida por cada envolvido no escândalo, o maior do mundo, no gênero! Pensava-se que a corrupção, latente no sistema, tenderia a voltar, em futuro ainda distante, por obra de outra geração de corruptos. Embora se pudesse pensar em abreviação das penas, nem de longe se imaginaria o que seria feito, em curtíssimo prazo, quando as mesmas mãos que bateram o martelo, nas condenações, abriram as grades para a soltura de condenados impunes. Conduzidos à alta corte, para a garantia da Lei e salvaguarda da cidadania, togados rasgaram a Constituição e cuspiram na cara da sociedade. Ainda agora, quando se redigem estas linhas, chega a notícia de que deve ser solto o ex-governador, condenado a quase quatrocentos anos de prisão, por diversos crimes de corrupção.
Enquanto isso, indígena continua atrás das grades pela prática de “atos antidemocráticos” na exposição de sua posição política. Por que tudo isso acontece? Por que o sistema político é corrupto; por que partidos usurpam o poder do povo e o exercem a seu bem prazer; por que ministros do STF se partidarizaram e militam pró totalitarismo no país. Que venha a democracia aberta, a democracia sem partidos, a verdadeira! PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!
nbatista@uai.com.br