Por Nylton Gomes Batista
Conforme já dito, não foi o que se esperava como solução ao fechamento do Colégio Dom Bosco, primeira casa salesiana instalada em Minas que, por mais de cem anos funcionou no antigo e mais importante quartel de cavalaria da capitania de Minas, período colonial, em Cachoeira do Campo. Como ex-aluno daquela casa e ex-oratoriano, concordo com amiga, falecida recentemente, que afirmava termos sido nós, comunidade cachoeirense, grandemente privilegiada pela presença e participação da congregação salesiana na vida desta região. Somente quem viveu, pelo menos, parte daquele período, pode aquilatar o que se afirma. Contudo, nada sendo perene neste plano, o Colégio Dom Bosco também passou e, no mesmo local se instala empresa de hospedagem que, coincidentemente, vem do antigo colonizador, construtor e primeiro ocupante do antigo quartel.
Sabe-se que o grupo Vila Galé é um dos principais grupos hoteleiros portugueses e integra o ranking das 169 maiores empresas hoteleiras em nível mundial. É composto por diversas sociedades, das quais se destaca, pela sua dimensão e importância, a VILA GALÉ – Sociedade de Empreendimentos Turísticos, S.A. Surgiu em 1988, quando se abriu a primeira unidade, o Hotel Apartamento Vila Galé (agora Vila Galé Atlântico) na Praia da Galé, em Albufeira, no Algarve, Portugal, e que viria a dar nome ao grupo hoteleiro. Durante os anos 90 ocorreu uma expansão com a abertura de novas unidades hoteleiras no Algarve.
No Brasil, o grupo Vila Galé tem dez unidades instaladas: duas no Ceará, uma no Rio Grande do Norte, uma em Pernambuco, uma em Alagoas, duas na Bahia, duas no Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Até aqui, o Vila Galé Paulista, a mais nova unidade instalada, é a que mais se distancia do litoral, pois todas as demais estão à beira mar. A de Cachoeira do Campo será, portanto, a primeira a se instalar longe da costa.
Uma aparente perda pode ser um ganho, quando pelo viés otimista orientamo-nos para a compensação, mediante a qual não há perda, porém, transformação. É o que se espera da nova atividade a ser desenvolvida no antigo quartel, os negócios turísticos sucedendo à educação, proporcionada pelos salesiano, desde 1895. Sabe-se que o grupo hoteleiro português tem capacidade de proporcionar aos seus hóspedes, experiências de lazer e entretenimento, que transcendem a simples hospedagem. Essa é a diferença, que se espera para uma atividade, que deve ir além da simples contemplação e ultrapassar limites dentro do município, que oferece grande diversidade em atrativos. Além disso, a Vila Galé pode ser um marco no desenvolvimento de um turismo sustentável, combinando instalações modernas, confortáveis, gastronomia de qualidade, preservação ambiental e interação com a economia e cultura locais. O impacto, espera-se ser positivo, indo além da criação de empregos, pois empreendimento desse porte sempre atrai outros, ainda que menores, porém, estáveis o suficiente para aquecer a economia. Quanto a isso, é importante destacar que se ventila possível aproveitamento de parte das terras para o cultivo de uva e, consequentemente, produção de vinho. Seria a volta que ali já se fez, sob a direção de especialistas italianos, ainda que fosse para o consumo interno.
Novidade mesmo seria o cultivo da oliveira (azeitona) e produção do respectivo azeite, da qual os portugueses são mestres. Mas, por enquanto são apenas conjecturas.
É importante ressaltar que o impacto socioeconômico e cultural vai depender da interação Vila Galé/autoridades municipais/comunidade, cada qual no seu papel de bem atender o visitante, em tudo que ele procura, numa viagem de cunho turístico.