Nylton Gomes Batista
Mais que por sua doçura, que tanto atrai, sua delicadeza e seu exotismo perante outras frutas mais conhecidas, mais que pelo despertar de sua força econômica, há razões tão fortes e relevantes como os sentimentos e apreço voltados à jabuticaba, que validam toda e qualquer iniciativa construtiva, positiva, com o objetivo de preservar e valorizar a jabuticabeira nesta região.
Existe também uma razão histórica porque, tal como os indígenas brasileiros, a jabuticabeira aqui estava a produzir, muito antes da chegada dos colonizadores portugueses. Por isso, espera-se que o projeto “Pérola Negra” seja muito mais que algo destinado a fazer da fruta uma fonte de renda, ou dela se criar eventos voltados ao turismo, fatores que devem brotar de políticas mais abrangentes em torno da jabuticaba em todos os aspectos. Embora o projeto deva contemplar toda a região, é importante registrar que Cachoeira do Campo não só se marca pela iniciativa da festa em torno da fruta, porém e sobretudo por ter sido destacado polo produtor da jabuticaba, posição que vem perdendo ao longo dos últimos anos, como consequência da especulação imobiliária, parcelamento do solo e encarecimento na manutenção dos quintais.
A persistir o quadro, sem qualquer garantia para a permanência das jabuticabeiras, lamentavelmente, a tendência é para a sua extinção ou redução a um número mínimo, dentro de pouco tempo. Há que se propor legislação específica de incentivo à preservação, replantio e cultivo delas, pois, de Cachoeira do Campo a jabuticabeira é um dos símbolos mais significativos, não se justificando sua perda pela omissão das autoridades. Para as jabuticabeiras ainda existentes há que se voltar os olhos de profissionais competentes, a cuidar de pragas e doenças, fatores praticamente inexistentes no passado não mui distante.
Como exemplo, cite-se o fungo amarelo que, ainda na fase verde da fruta, leva à perda de toda a produção de uma árvore. Tal praga não era conhecida, nestas paragens, mas está se tornando comum, causando grande frustração, quando as frutas quase no ponto da maturação são atacadas pelo fungo. Pior que o fungo é uma formiga preta e grande, cuja colônia se aloja no interior do tronco, corrompendo-o, de tal forma, que a jabuticabeira tomba sob um vento mais forte. Normalmente as formigas entram pela raiz, razão pela qual sua ação deletéria costuma ser percebida tão somente quando a jabuticabeira se parte cai. Consideram-se esses os mais graves, mas outros fatores negativos, menos frequentes, também ocorrem, talvez derivados das condições ambientais, tais como partículas suspensas na atmosfera (poluição do ar), fenômeno que, no passado, não ocorria. O aproveitamento da jabuticaba e seus derivados necessita, talvez, de coordenação dirigida para melhor divulgação, pois a culinária em torno dela já existe. Há que mais cuidar da jabuticabeira!
Desde julho de 2001, este autor mantém o site OURO PRETO WORLD, no qual, ainda naquele mesmo ano, foi inserida a página “a jabuticaba” (menu “A origem”), que passou a ser a mais acessada e motivo de muitas consultas ao site. O OURO PRETO WORLD, por ter ficado algum tempo sem manutenção, como consequência de problemas técnicos, perdeu muito de seus arquivos, mas teve outro tanto preservado, entre os quais o relativo à página “a jabuticaba”.
Pois bem; tendo o hábito de verificar possível similaridade de texto, antes de publicá-lo, constatei que o artigo (publicado na semana passada) continha uma frase, que seria de outro autor. Um tanto surpreso, pois nunca me ocorrera isso, acessei o link indicado como sendo do autor e me surpreendi novamente: a frase era parte do texto de “a jabuticaba”, acima referida. Umcara-de-pau havia clonado toda a página (texto e fotos) e republicado como sua, pois não indica a origem ou autoria, não dá os devidos créditos. Para completar a pilantragem, ele inseriu um e-mail falso como contato, o que me impede de identificá-lo. Afinal, nem o nome com o qual se apresenta pode-se crer verdadeiro! E agora? Corro o risco de ser denunciado como plagiador da minha própria obra! Isso é um paradoxo ou absurdo? Coisas do Brasil atual!