Prevenção de tragédias ainda esbarra na falta de apoio do município
Com a presença de moradores do Taquaral, São Francisco e São Cristovão, entre outros bairros, o professor e geólogo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Romero César Gomes, apresentou, na segunda-feira, 4, um relatório atual acerca dos riscos geotécnicos inerentes às áreas de riscos de Ouro Preto, sobretudo em relação à região específica do Taquaral, onde a situação é considerada a mais séria da cidade. Também estiveram presentes ao encontro os integrantes da “Associação Pró-moradia”. As soluções efetivas apresentam-se urgentes e demandam ações sistemáticas de monitoramento, instrumentação, engenharia, recursos financeiros e humanos. Já a proposta de criação do Instituto Geotécnico de Ouro Preto, o IGEO, encontra dificuldades do ponto de vista institucional e político.
Durante o encontro, os moradores sanaram dúvidas e conheceram as orientações de monitoramento e prevenção. A gravidade do Taquaral se explica por existir no local um fenômeno conhecido como “rastejo”. Raro na região de Ouro Preto, consiste numa movimentação constante de toda a encosta, notada por inclinações das alvenarias das casas, árvores e postes e a presença de matacões pelo caminho. Segundo Romero, o diagnóstico aponta urgência na instalação de seis a oito inclinômetros, a exemplo da região da Antiga Santa Casa de Ouro Preto e da Igreja de São José. Somente a partir desses medidores de deslocamentos do terreno seria possível atacar os problemas pontual e especificamente do Taquaral, como a construção de estruturas de contenção, remoção de moradores, e construção de fundações compatíveis com as inclinações. “A situação é única e mais grave por não se tratar de risco de escorregamento propriamente, mas o de rastejo, onde se tem a movimentação da encosta como um todo. Mas ainda não temos clareza exata desses movimentos, uma vez que isso depende de instrumentação”, explica.
O professor ainda alerta sobre a “adoção de medidas antes da próxima estação chuvosa, sob pena de novas tragédias e vítimas fatais no Taquaral, bem como nos demais bairros”. Os estudos indicam a necessidade de implantação de mais 100 instrumentos ao longo do espaço urbano de Ouro Preto. Em relação ao São Francisco, os riscos seriam de menor porte e complexidade. “Aí temos um movimento de menor envergadura em relação ao bairro Taquaral”. Recentemente, a Câmara Municipal de Ouro Preto chegou a aprovar uma indicação unânime, de autoria do vereador Flávio Andrade, para a edição de lei específica para a implantação do IGEO, uma autarquia municipal, técnica e consultiva com objetivo de acelerar as soluções. No entanto, o executivo ainda não sinalizou favoravelmente à proposta.