Imagem: Ane Souz
Por: Lucas Porfírio
Nesta quinta-feira (30), a Casa da Ópera de Ouro Preto foi palco de um momento significativo para a cidade: o lançamento oficial da candidatura de Ouro Preto ao título de Cidade Criativa da UNESCO no campo das Artes Populares e Artesanato. Caso obtenha o reconhecimento, a cidade se tornará a primeira do Brasil a integrar esse segmento, reforçando sua identidade cultural e histórica através do artesanato e da tradição artística de sua população.
O evento também marcou a assinatura do projeto de lei que institui o Plano Municipal de Economia Criativa, tornando Ouro Preto a primeira cidade de Minas Gerais a contar com um plano voltado especificamente para o desenvolvimento do setor. Com essa iniciativa, o município reafirma seu compromisso com a cultura e a criatividade como motores de crescimento econômico e social.
Um reconhecimento que fortalece a identidade cultural
De acordo com o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo, a chancela da UNESCO trará visibilidade e comprometimento para uma cidade que, historicamente, sempre foi criativa. “Esses títulos são importantes porque iluminam uma ideia, um objetivo, uma meta, um compromisso, uma jornada. Se nós somos desde sempre uma cidade criativa, quando recebermos essa chancela da UNESCO, tudo isso ficará mais visível, exposto e comprometido com um trabalho organizado, planejado e consequente, cada vez mais eficiente, eficaz, de resultados positivos para a nossa população, em primeiro lugar, e para todos aqueles que vêm aqui compartilhar conosco a riqueza cultural de Ouro Preto”, afirmou o chefe do executivo.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Felipe Guerra, destacou o pioneirismo da cidade. Segundo ele, o reconhecimento da UNESCO e a assinatura do primeiro plano de economia criativa do estado marcam um importante avanço. “Isso é muito importante, Ouro Preto é pioneira nessa ação”, pontuou o secretário.
Uma construção coletiva
O processo de elaboração do Plano Municipal de Economia Criativa contou com a participação da comunidade e de especialistas. Magnus Emmendoerfer, coordenador geral da Cátedra UNESCO em Economia Criativa e Políticas Públicas, celebrou a consolidação do projeto. “Começamos esse trabalho em 2022, no ano em que a Cátedra foi reconhecida pela UNESCO, lá em Paris. Hoje, pouco mais de dois anos depois, a gente está aqui com toda essa alegria, vendo esse momento como sendo uma concretização”, contou Emmendoerfer.
A professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Alissandra Nazareth de Carvalho, destacou que a formulação do plano utilizou uma metodologia participativa. “Fizemos um mapeamento de como os distritos se encontravam no que diz respeito à economia criativa. Explicávamos o conceito, coletávamos dados e discutíamos sobre o projeto junto com a comunidade. Assim foi com os 12 distritos e também na sede. Agora estamos aqui para esse momento histórico”, disse a docente.
O professor Marcos Knupp, também da UFOP, ressaltou os objetivos do plano para os próximos quatro anos. Segundo ele, foram criados um observatório sobre economia criativa para monitoramento da produção cultural, um laboratório para prospectar um hub de inovação, uma escola de empreendedorismo criativo e um calendário de eventos voltados para a economia criativa no município.
Impacto para Ouro Preto e Minas Gerais
O evento de lançamento contou com a presença da subsecretária estadual de Cultura, Maristela Rangel. Para ela, a candidatura é um reconhecimento da relevância cultural de Ouro Preto: “A cidade já é patrimonial e agora busca valorização também pelo artesanato, que é de muita importância para a cidade”.
José Oliveira Junior, diretor de Economia da Criatividade e Articulação Cultural de Minas Gerais, enfatizou a capacidade inovadora de Ouro Preto. Segundo ele, a cidade está se projetando para o futuro, criando novos registros que vão além dos ligados ao passado. “Isso é bastante significativo para a cidade e para o Estado de Minas Gerais”, completou.
Ouro Preto avança em direção ao reconhecimento internacional, reafirmando sua tradição e se projetando como um polo de inovação e criatividade. Agora, a cidade aguarda confiante a decisão final da UNESCO, que pode consolidar ainda mais seu papel no cenário global das artes e da cultura.
