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Mulher denuncia estupro em Ouro Preto

Mulher denuncia estupro em Ouro Preto

Mais um caso de violência sexual chamou a atenção dos moradores da Região dos Inconfidentes. Dessa a vez, a vítima, uma estudante da Universidade Federal de Ouro Preto teve a coragem de denunciar e relatar o fato ocorrido em sua página no facebook com um depoimento que teve quase 500 comentários, mais de 1,5 mil compartilhamentos e mais de seis mil reações.

O fato ocorreu em setembro, e no início de outubro a vítima resolveu falar como forma de encorajar e aconselhar outras mulheres, que também já foram e são vítimas de crimes sexuais. “Falo aqui em nome de todas as mulheres que sofrem diariamente com a nossa cultura machista, desde as pequenas violências até os casos mais hediondos. Falo também para os homens que não acreditam que existe uma cultura do estupro e para os que creem, mas não entendem como ela se manifesta”, inicia o post.

O depoimento descreve tristemente como o fato aconteceu. “Acordei sendo violentada por um homem, também ‘bixo’, de uma república federal masculina. Os moradores da República foram extraordinariamente corajosos e solícitos comigo, as atitudes cabíveis à eles já foram tomadas e eu agradeço muito por isso, pelo exemplo que eles estão dando para toda a comunidade republicana de Ouro Preto e pela solidariedade de todos”, manifesta a jovem. Nesse caso, a república onde o suspeito pleiteava uma vaga, pois era calouro, também fez um post onde lamenta o ocorrido. “Não fomos e nem seremos inertes frente a uma situação tão grave. Entendemos que, uma vez envolvido nesse tipo de caso, não havia mais condições para que o calouro continuasse em nossa casa, tendo ele deixado a República”, revela o post da república.

A jovem ainda conta da dificuldade de se falar sobre o assunto, do sentimento de culpa de quem na verdade é vítima. “Quando você ouve um caso de violência sexual contra alguma mulher, a reação imediata é – claro que ela precisa denunciar! Mas quando acontece com você, é MUITO diferente. Vocês tem noção do que é ter vergonha de contar cada detalhe do episódio até mesmo pras suas amigas mais próximas? Do que é sentir nojo do seu próprio corpo? Do que é se sentir culpada por algo que não foi sua culpa?…”, descreve.

Com coragem e determinação, a estudante tem como objetivo, pelo relato, encorajar todas as mulheres, “principalmente as de Ouro Preto, que sofrem com esse sistema republicano machista e muitas vezes (mais do que imaginamos!) violento, a denunciarem também, a terem voz! Eu tô aqui pra dizer que machistas babacas NÃO passarão, porque a mulher tem voz SIM e a impunidade não vigora”, denuncia. “Eu tô aqui pra falar de mulher pra mulher sobre a nossa inocência em achar que nunca nada vai acontecer conosco, que é sempre uma realidade distante: não é”, desabafa.

A jovem conta que usava roupa curta e tinha bebido, mas disse não. “Como integrante do meio republicano, eu sugiro que esse tema seja discutido tanto em repúblicas masculinas, quanto em repúblicas femininas. O limite alheio tem de ser respeitado, não é não!”. “Estou expondo minha história hoje não para que ninguém sinta pena de mim, mas sim para que sintam empatia por TODAS as meninas que já sofreram aqui em Ouro Preto e não tiveram coragem de denunciar”, encoraja a moça.

Encorajamento

A jovem recebeu diversas mensagens de apoio, parabenizando a coragem, e muitos relatos de quem também passou por isso. “Força, você não está sozinha. Conte com o meu total apoio . Vamos compartilhar, vamos denunciar, não vamos deixar que mais mulheres sofram como ela”, incentiva uma internauta. Outra conta que também passou pela mesma situação. “Também fui agarrada a força quando tinha bebido, usado roupa curta e dito não. Felizmente, a tentativa de estupro no meu caso não teve sucesso. Eu não denunciei, eu me calei… Por medo de todas outras repúblicas saberem, pois a dele é uma super tradicional daqui de São João Del Rei, por vergonha e por acreditar que uma tentativa, mesmo tendo vários arranhões no corpo, não seria levada a sério por ninguém. Parabéns pela coragem e força!”.

De acordo com a UFOP, o caso já está sendo conduzido pela Pró-reitoria de Assuntos Comunitário e Estudantis. A aluna esta sendo acompanhada por psicólogos da universidade e, na última quinta-feira (9), pediu trancamento especial, que já foi concedido, e o processo administrativo já esta aberto para apuração dos fatos.

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