Pesquisa revela que os micro negócios ouro-pretanos têm a maior taxa de sobrevivência do Brasil
Desenvolvido pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) o estudo “Sobrevivência das Empresas no Brasil”, revelado na semana passada, mostrou que Ouro Preto é a cidade com a maior taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas no país. Em média, a cada 100 empreendimentos estabelecidos na cidade em 2012, 86 permaneceram ativos após os dois primeiros anos de fundação.
O secretário municipal de Turismo, Indústria e Comércio, Felipe Guerra, lembra que a sobrevivência das micro e pequenas empresas também é um resultado da indústria do turismo. Segundo ele, os turistas gastam na cidade por mês em torno de R$13 a R$15 milhões de reais. “Esse trabalho que a gente faz de profissionalização do turismo, com políticas públicas, plano municipal e principalmente o trabalho de marketing e divulgação da cidade, faz com que a gente colha esses frutos”, afirma Felipe.
Algumas micro e pequenas empresas da cidade atendem diretamente aos turistas, como o setor de alimentos, artesanato, eventos culturais e outros. Segundo Felipe, o crescimento da Universidade Federal de Ouro Preto, com a implantação de uma incubadora de empresas e projetos, também é uma forma de incentivar os empreendedores. O secretário de Turismo ainda pontua a importância de espaços como o Paço da Misericórdia, voltado para arte e artesanato, e os dois pólos industriais em Cachoeira do Campo e Antônio Pereira.
Para a coordenadora técnica da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (ADOP), Jacqueline Guimarães, alguns fatores são responsáveis pela maior sobrevivência dos pequenos negócios. “Ouro preto é uma cidade com enorme vocação para o turismo, que abrange setores de comércio e serviços, nos quais os pequenos empreendedores estão inseridos”. De acordo com Jacqueline, em 2013, juntos, esses setores correspondiam a quase 60% das vagas de empregos ocupadas na cidade.
Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ouro Preto (ACEOP) Valmir Aparecido Maximiano, esse resultado é visto com bons olhos. “Fico muito satisfeito, partindo do princípio que a ACEOP faz parte deste processo. É muito importante para a região ter e manter esse título, além de dar sequência ao trabalho e fomentar o comércio”. Valmir também destaca a importância dos parceiros que auxiliam na qualificação da mão de obra, oferecendo condições para o empresário entender o planejamento estratégico e financeiro. Para ele, também é importante a participação dos empreendedores na busca por treinamentos e qualificações, para crescer cada vez mais.
Dados da pesquisa e atitude das empresas
O estudo “Sobrevivência das empresas no Brasil” revelou que de cada 100 empresas em Ouro Preto em 2012, 86 permaneceram no mercado após os dois primeiros anos de existência. No levantamento foram analisados 454 municípios do país que tiveram 500 ou mais empresas constituídas em 2012.
Além do município, outras 35 cidades mineiras ficaram acima da média nacional. Minas Gerais também tem taxa de sobrevivência acima da média nacional (76,6%), registrando 77,4% de sobrevivência. O aumento das formalizações do Microempreendedor Individual (MEI) chegou a 65% no universo de pequenos negócios brasileiros em 2012 e contribuiu fortemente para as taxas crescentes de sobrevivência nos primeiros anos. Isso porque possui uma taxa de sobrevivência (87%) superior à de microempresas (55%).
Os micro e pequenos empreendedores geralmente estão ligados ao setor de comércio e serviços, que é o que mais gera emprego e renda no Brasil. De 2013 a 2015 esse setor superou os 70% do valor adicionado ao PIB de todo o país. Isso significa que a sobrevivência desses pequenos empresários é muito importante para a economia.
Ouro Preto, por ser uma cidade turística tem uma vocação enorme para esse setor. Em 2013, por exemplo, o número de pessoas empregadas em comércios e serviços correspondia a quase 60% das vagas de emprego ocupadas na cidade, superando as vagas ocupadas na indústria, que inclusive engloba a mineração.
Para a microempreendedora Maria de Fátima Viana, dona de uma lanchonete em Ouro Preto há um ano e meio, a formalização ajudou a empresa a caminhar. “É importante regularizar e ter tudo direitinho. Por exemplo, sem o cadastro como MEI eu pagava até mais caro para poder recolher meu INSS, por exemplo. Isso ajuda bastante”, afirma Maria.
Os principais fatores responsáveis pela permanência dos pequenos negócios no mercado indicados pelo Sebrae são planejamento, respeito a capacidade financeira, não misturar finanças pessoais com as da empresa, estar atento à concorrência, fazer controle de estoque, marketing inteligente, buscar novos fornecedores, inovar, buscar capacitação e estar atento aos valores do negócio.