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Fundação de Arte de Ouro Preto restaura fazenda do século XVIII em Betim

Fundação de Arte de Ouro Preto restaura fazenda do século XVIII em Betim

Obra coordenada pela Faop contará com o trabalho de moradores do Assentamento Dois de Julho construído na antiga Fazenda Ponte Nova

Seguindo a missão de valorizar a arte em todas as suas dimensões e incentivar a preservação do patrimônio cultural, a Fundação de Arte de Ouro Preto – Faop mais uma vez expande os horizontes de suas ações. É a obra de restauração da sede da antiga Fazenda Ponte Nova, localizada no Núcleo Histórico do Assentamento Dois de Julho do MST, no município de Betim. Nessa quarta-feira (11), foi realizada a solenidade que marcou o início do restauro na sede da fazenda, situada na MG-050, km 5.
A Faop foi contratada pela Prefeitura de Betim, por meio da Fundação Artístico-Cultural de Betim – Funarbe, para realizar a obra. Desde o ano passado, a equipe da Faop tem aplicado oficinas sobre técnicas tradicionais de construção, restauração e formas de preservação do patrimônio. A ideia é capacitar parte dos assentados para trabalhar na obra.

De acordo com o diretor de Promoção e Extensão Cultural, Celmar Ataídes Júnior, a capacitação oferece uma nova oportunidade de conhecimento que será aplicado inclusive na construção das casas no próprio Assentamento 2 de Julho. A iniciativa também cria a conscientização sobre a importância de se preservar, após a restauração, do patrimônio da sede da Fazenda Ponte Nova datada do século XVIII.

A prefeita de Betim, Maria do Carmo Lara, falou sobre a trajetória dos moradores para conseguirem as suas casas, ressaltando que “recuperar o patrimônio histórico e cultural da Fazenda Ponte Nova é muito prazeroso. Essa é uma oportunidade de ajudar a formação de conhecimento e o desenvolvimento econômico da população”. Isso porque, como os assentados capacitados pela Faop trabalharão na obra de restauração, também haverá geração de renda para as 64 famílias que vivem no local.

A vice-presidente da Faop, Joyce Miranda, acredita que “a obra representa não apenas a restauração do imóvel [sede da Fazenda Ponte Nova], mas também o resgate da história dos moradores do Núcleo Histórico do Assentamento Dois de Julho. Com certeza, nós da Faop também aprenderemos muito com toda a comunidade do entorno. Já estamos ansiosos para a conclusão dos trabalhos”.

Em Betim, a Faop também já restaurou a Capela Nossa Senhora do Rosário, símbolo do congado da cidade. “Assim como foi executada na capela, a restauração da antiga fazenda terá a participação ativa da comunidade, pois acreditamos que é fundamental o envolvimento dos moradores na preservação do patrimônio”, salientou o presidente da Funarbe, Rodrigo Cunha. Ele ainda parabenizou a Faop por mais uma vez aceitar o desafio de preservar e restaurar o patrimônio em uma cidade como Betim que é tradicionalmente industrial e não possui as características de valorização histórica e cultural de Ouro Preto.

Trajetória

Segundo pesquisas realizadas pela Funarbe, a Fazenda Ponte Nova, do século XVIII, servia de abastecimento e passagem de viajantes no período da mineração colonial. Em meados do século XX, o local movimentava comércio da região e apresentava várias manifestações culturais e religiosas. No final da década de 1990, a área foi desapropriada pelo Incra por ser terra improdutiva e exercer atividades ilegais. Em 2 de julho de 1999, o espaço foi ocupado pelos assentados do MST que mantiveram a sede da fazenda, hoje em avançado estado de deterioração.

Agora, o imóvel será restaurado pela equipe da Faop com a participação dos próprios assentados. A comunidade do local se mostrou muito feliz. Terezinha de Jesus, que mora no assentamento há dez anos, disse estar muito emocionada, pois “era muito triste acompanhar a destruição de uma casa tão bonita”. A previsão é de que a obra seja finalizada em outubro deste ano.

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