Imagem: Pedro Lopes
Por: Marcos Delamore
A cidade histórica de Ouro Preto receberá um espetáculo teatral em homenagem à trajetória de Chico Rei e à memória, tradição e resistência negra ouropretana. A peça será apresentada nesta quinta-feira (10), às 20h, na Casa de Cultura Negra de Ouro Preto, instalada próximo à Igreja de Santa Efigênia.
Chico Rei
A homenagem a Chico Rei destaca um personagem lendário da tradição oral mineira desde o século XVIII. Galanga, seu nome de nascimento, era rei do Congo, na África, mas foi raptado pelos portugueses, em 1740, para trabalhar na Mina da Encardideira, na antiga Vila Rica, atual Ouro Preto. A sabedoria e os esforços de Francisco, como foi rebatizado, fez com que ele comprasse a sua própria alforria, a de seu filho e, posteriormente, a liberdade de seus companheiros. Com o passar do tempo, o então aclamado pelos alforriados, comprou a mina na qual trabalhava e a renomeou para Mina de Francisco, o rei.
Em 1785, Chico e outros personagens negros contruíram uma igreja dedicada à Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e à Santa Efigênia, das quais ele era devoto. Assim, poderiam perpetuar a crença, a história, tradições, memórias e cânticos para louvar as protetoras.
Chico Rei é uma figura da tradição oral de Ouro Preto e é festejado em manifestações da cultura popular que entoam cantos, celebram danças e organizam procissões, com destaque para os Congados, solenidades no Dia de Reis e outras homenagens para os santos negros.
O espetáculo
A encenação “Chico Rei: Galanga do Congo” surgiu, em 2021, de um estudo realizado pelo coletivo organizador do projeto e do desejo de ressaltar a memória negra ouropretana, a tradição oral e os cânticos dos reinados. “A cada apresentação buscamos também o respeito e o entendimento que negritude é força viva e criadora, e buscamos celebrá-la”, relata a diretora do espetáculo.
O espetáculo narra a história de um dos personagens mais importantes da história de Ouro Preto, Chico Rei, por meio de um teatro que utiliza sombras, bonecos Abayomis e Ayos, e elementos sonoros inspirados nos cânticos das Guardas de Moçambique e de Congado de Ouro Preto. A representação é fruto de uma parceria entre as companhias Rabisco Brincante e Cia. Assunto Suspenso, e tem entrada gratuita para o público. Os ingressos poderão ser retirados, no local, 30 minutos antes do início da peça.
O projeto é viabilizado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB – Lei nº 14.399/2022) e tem apoio da Prefeitura Municipal de Ouro Preto e da Associação Amigos do Reinado (AMIREI). É uma realização da Rabisco Brincante, Cia. Assunto Suspenso, Ministério da Cultura e Governo Federal.
A peça, que tem direção e adaptação textual de Ana Cláudia Miguel e Erik Martincues, conta com atuação da diretora Ana Cláudia, Kaio Serafim e a participação de estudantes e ex-alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).