Imagem: Marcos Delamore / Por: Marcos Delamore
A abertura oficial da 20ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) aconteceu no último dia 26 de junho, no Centro Histórico de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais. A homenageada desta edição, a atriz, cantora e humorista, Marisa Orth, participou de uma coletiva de imprensa e ressaltou o poder da democratização do acesso à cultura e ao cinema, além da presença da mulher no humor brasileiro. A artista aproveitou a oportunidade para propor a criação do curso de Cinema na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em prol da preservação das características históricas e culturais, e das belezas naturais e arquitetônicas do município.
O tradicional evento comemora duas décadas de existência e homenageia a atriz Marisa Orth, reconhecida por ser um dos principais talentos do humor e das artes cênicas no país. A humorista é um ícone e uma das representantes femininas no audiovisual.
Já era de se esperar que a cidade cujo título seja Patrimônio Cultural da Humanidade recebesse uma mostra com a temática de preservação da cultura brasileira. O festival acontece no inverno encantador das ladeiras e morros de Ouro Preto, cenário autêntico e apropriado para unir história, educação e preservação do audiovisual brasileiro.
Em entrevista coletiva, Marisa Orth revelou sua relação com Minas Gerais e seu carinho e encanto pela cidade histórica. “Ouro Preto é muito luxuoso. Eu lembro de todas as vezes que vim aqui. Graças a Deus, foram várias. É mágico mesmo, é clichê. Não tem como falar de Ouro Preto sem falar de magia, de encantamento, de história. É bonito demais. Eu fico de cara com a beleza das esquinas. Acho muito bonito. Tenho família mineira”, comentou.
A humorista sugeriu a criação do curso de Cinema no município mineiro, enaltecendo a cidade como um possível polo para produções audiovisuais, tendo em vista os inúmeros filmes, novelas e peças realizadas em Ouro Preto. “Aqui devia ter uma faculdade de cinema. Eu acho que aqui tem tudo a ver com cinema. Meu Deus, a quantidade de filmes que já filmaram aqui. Isso aqui é quase um estúdio a céu aberto”, disse a artista.
Com o tema “Preservação: A Alma do Cinema Brasileiro”, a mostra, consolida como a única do país a tratar o cinema como patrimônio, reforça sua importância como espaço de acesso, valorização e destaca a cultura, memória, cidadania e transformação social. A proposta desta edição é refletir sobre a preservação do patrimônio audiovisual, a presença do humor feminino, a educação para o fortalecimento democrático.
O humor genial e provocador são características marcantes de Marisa Orth. A homenagem à artista teve como tema “O humor das mulheres no cinema brasileiro” e destacou a atuação das mulheres no humor no audiovisual nacional. Para ela, “o humor está diretamente ligado à inteligência. Conquistar o humor é um sinal de que a mulher está tendo a sua inteligência respeitada”, afirmou.
O evento reúne a exibição de 147 filmes e diversas atividades gratuitas no centro histórico e em outros pontos da cidade. O CineOP busca a preservação do audiovisual no país e frear os desafios do âmbito, incluindo a adoção de novas tecnologias, a ampliação do acesso e o fortalecimento das políticas públicas de preservação.
Questionada sobre o poder que a democratização do acesso à cultura e ao cinema exerce no país, Orth revela a luta eterna da cultura frente a sua má distribuição no Brasil. “Essa é a luta eterna da cultura no Brasil. Cultura é para todo mundo. Aqui é muito divido em classes. No Brasil, é má distribuição de renda e má distribuição de cultura. É buscar pela democratização cada vez mais. É uma luta muito grande no nosso país”, detalhou.
A vigésima edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto também prestou homenagens ao professor João Luiz Vieira, com a honraria inédita, o Prêmio Preservação, e à educadora Maria Angélica Santos, com o Prêmio Cinema e Educação.
Curso de Cinema e Audiovisual em Ouro Preto
Outro ponto alto do começo da programação foi o anúncio do planejamento pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) de um curso de bacharelado em Cinema e Audiovisual com ênfase em preservação. A iniciativa busca aproveitar o rico patrimônio histórico e cultural de Ouro Preto.
A notícia foi dada por Frederick Magalhães, do Instituto de Filosofia, Artes e Cultura (IFAC) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Ele anunciou a nova graduação, durante uma mesa de debates, no Centro de Artes e Convenções da UFOP, para a formação de profissionais capacitados para preservar o patrimônio audiovisual brasileiro. O projeto fomenta permeia a técnica, criatividade e o compromisso com a memória cultural.