Cachoeirenses acompanham audiência pública. Imagem: Victória Oliveira
Equipe técnica apresentou novidades, como um desvio para duplicação de faixas em Cachoeira do Campo e novos valores de pedágio
Por: Victória Oliveira
Na última quinta-feira (06) a Casa de Cultura de Cachoeira do Campo recebeu uma reunião técnica para discussões sobre o Lote 7 de concessões rodoviárias Ouro Preto/ Mariana, que tem como uma das principais ações a duplicação da via. O lote tem 187 km de extensão e atravessa 11 municípios, de Nova Lima a Rio Casca.
O projeto foi apresentado por Vanessa Rodrigues e Vitor Augusto, que integram a equipe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), responsável por coordenar e integrar os estudos técnicos, apoiando a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (SEINFRA). Na apresentação, foram abordados alguns temas como a duplicação, a implementação de pedágios e, principalmente, o possível contorno em Cachoeira do Campo. Ao todo, os investimentos totais no contrato somariam R$5 bilhões.
Estiveram presentes o prefeito do Ouro Preto, Angelo Oswaldo, vereadores de Ouro Preto e Itabirito, inclusive o presidente da Câmara de Ouro Preto, Vantuir Silva, o chefe de gabinete de Itabirito e ex-prefeito, Orlando Caldeira, além de outras figuras públicas como o ex-prefeito de Mariana e candidato ao pleito em Ouro Preto 2024, Duarte Jr., dezenas de cachoeirenses, moradores e empresários.
“Nós queremos saber todos os detalhes exatamente para aprimorarmos cada vez mais a nossa reivindicação, ajustando os interesses, as demandas, as necessidades do povo de Ouro Preto, especialmente dos distritos afetados, Rodrigo Silva, Cachoeira do Campo, Amarantina”, afirmou Angelo.
Nova solução: contorno rodoviário
Na proposta da concessão rodoviária, a BR-356, desde Nova Lima até o final do trecho em Mariana, será inteiramente duplicada. Contudo, a duplicação do trecho que atravessa Cachoeira do Campo, resultaria em grandes impactos de engenharia, sendo necessárias diversas desapropriações. “Dentre as travessias urbanas do projeto, Cachoeira do Campo é a que quem uma característica de maior adensamento no entorno da via e é também a travessia de maior extensão, por isso foi feita a proposta do contorno”, explicou Vanessa Rodrigues, durante a apresentação.
Além disso, a alça tem também o intuito de desviar o trânsito pesado de caminhões e carretas transportadoras, principalmente as de minério de ferro, que atravessam a região central de Cachoeira, dificultando a mobilidade dos moradores. O contorno de cerca de 7,3 km de extensão preservaria toda a Avenida Pedro Aleixo, com passagem próxima a Capela de Santo Antônio do Madureira e saída antes do Hotel Vila Galé, antigo Colégio Dom Bosco.
No percurso, seriam implantadas três rotatórias alongadas, duas nas entradas/saídas do contorno, e outra no meio do trajeto, para facilitar deslocamentos e desvios. A proposta de contorno também inclui a instalação de placas de orientação turística, visando direcionar o fluxo de um público específico para dentro do distrito. Tanto as placas quanto as rotatórias, segundo a equipe, são resultados de contribuições de consultas públicas anteriores.
Assim como todo o sistema rodoviário, a travessia urbana de Cachoeira do Campo vai passar pelas frentes de serviços obrigatórias da concessão, como os serviços iniciais de recuperação, que devem ser entregues em até um ano após início da obra, incluindo a revitalização do pavimento e revitalização/implantação dos sistemas elétricos e de iluminação, além da constante manutenção, conservação e operação.
“Cachoeira aceita o contorno, naturalmente, já há muito tempo gostaríamos de retirar o trânsito pesado [da travessia]. A Avenida Pedro Aleixo virou um estacionamento de carretas à noite, e um engarrafamento de carretas de dia. É importante termos esse controle”, afirmou o prefeito em sua fala na reunião.
Pedágio e outras preocupações
Junto às outras novidades no projeto, a equipe técnica também trouxe novas informações sobre um assunto que muito preocupava os ouro-pretanos: os pedágios. O sistema tarifário da concessão consiste na implantação de quatro pedágios ao todo, em Nova Lima, Ouro Preto, Acaiaca e Ponte Nova, todos no valor regular de R$5,59 na pista simples.
Algumas falas durante a audiência sugeriram que os valores da tarifa fossem reduzidos em concomitância à uma maior contribuição, de alguma forma, das empresas mineradoras. Não houve respostas ou comentários da equipe técnica em relação a comentários nesse sentido.
A nova rodovia vai utilizar o Sistema Livre de Passagem, isto é, os carros não precisam parar para pagamentos em cabines, pois o sistema consiste na instalação de detectores de veículos, que identificam e classificam os automóveis e fazem a leitura para cobrança, caso o automóvel já esteja inserido no sistema. Também haveria outras formas de pagamento, como totem de autoatendimento e aplicativo próprio.
O sistema tarifário da concessão também propõe isenção das tarifas para alguns veículos, como os de transporte coletivo intermunicipal e metropolitano, veículos de emergência, de policiamento e veículos oficiais. Além disso, a equipe técnica afirmou que haveria descontos progressivos para motoristas que atravessassem muitas vezes os pedágios, mas não especificou valores e porcentagens.
A apresentação também mencionou 11 passarelas, 66 paradas de ônibus, 39,8 km em faixas adicionais e melhorias em acesso, sem mais detalhes. Como serviços aos usuários do percurso, que somam 460 mil habitantes, foram destacados um sistema de atendimento 24 horas, um ponto de parada também de funcionamento constante. Também estaria garantida a celeridade para atendimento médico e socorro mecânico.
Próximos passos
A audiência pública não terminou de forma totalmente amigável. Alguns cachoeirenses participantes demonstraram dúvidas em relação a real qualidade de execução da futura obra e reclamaram da ausência de resposta de alguns questionamentos levantados pelos vereadores. “Ficamos no vácuo!”, afirmou um dos presentes. A equipe informou que demais questões serão respondidas por e-mail e mais informações podem ser checadas no site.
O chefe de gabinete da prefeitura de Itabirito, Orlando Caldeira e o vereador Fernando Antunes reforçaram o interesse na concessão, mas solicitaram que a cidade fosse, a partir de agora, mais incluída nos planejamentos e decisões. “Os nossos municípios cortam o quadrilátero ferrífero, então com o prefeito Angelo, nós já discutimos várias vezes a modalidade de fazermos a redução do número de carretas que só vai aumentando, temos que encontrar mesmo essas alternativas”, disse Orlando.
“Itabirito passa, hoje, por uma expansão urbana, e estamos próximos a refazer nosso plano diretor. Somos extremamente a favor da duplicação, mas precisamos trazer essa discussão para Itabirito, porque seremos impactados”, afirmou Fernando, pedindo para que o município fosse mais envolvido nos próximos passos.
Como balanço, o prefeito de Ouro Preto avaliou que faltam mais informações concretas. “As duas principais preocupação dos ouro-pretanos como um todo são em primeiro lugar o pedágio, e em segundo lugar a questão da travessia de Cachoeira do Campo, na Avenida Pedro Aleixo e da cidade de Ouro Preto, na avenida Rodrigo Melo Franco de Andrade, nós precisamos saber todos os detalhes porque temos que compatibilizar o rodoviário com o urbano”, respondeu Angelo em entrevista após reunião. Ainda não há data prevista para nova audiência.