Bloco seguiu carro de som até a praça
Imagem e Reportagem: Victória Oliveira
No último dia de folia, terça-feira (4), o tradicional Bloco Vira Folha levou centenas de foliões, de todas as idades, para as ruas do distrito de Cachoeira do Campo. O bloco é aberto e gratuito e tem como principal característica a troca de looks: homens se vestem com peças de roupas socialmente atribuídas às mulheres, como vestidos e saias, enquanto mulheres fazem o contrário, e usam bermudas, por exemplo.
O bloco já é a atração principal das terças-feiras há mais de15 anos em Cachoeira do Campo, mas vem lutando por sua sobrevivência com a diminuição dos participantes e dificuldade de organização. Como parte da tradição, o bloco realiza algumas horas de concentração na Rua Tombadouro e depois desfila até a Praça da Matriz.
Leandro Luis, conhecido como “Leandro Gordinho”, é o proprietário do veículo com som automotivo que fez a trilha sonora dos foliões e guiou a multidão até a praça. “Eu não tenho ligação com o bloco, mas é o terceiro ano que eu faço porque eu gosto, gosto de fazer a ‘bagunça’ pro povo, o pessoal sabe que eu tenho o carro de som e fica mandando mensagem ‘não deixa o bloco morrer não’, aí a gente faz”, conta Gordinho. Em anos anteriores, essa descida acontecia com companhia de charanga com marchinhas tradicionais.
Em 2023 e 2024, diferente deste ano, o bloco não constou na programação oficial da prefeitura municipal, mas ainda assim saiu. Desta vez, ele foi anunciado junto às outras atrações do dia. Gordinho disse que procurou os antigos idealizadores do Vira Folha, mas eles disseram que não estariam à frente do bloco neste ano, mais uma vez. Foi então que ele decidiu buscar um alvará de liberação junto a prefeitura. “No ano passado disseram que eu não poderia tocar e aí a Dona Elaine, mãe do Leleco Pimentel, me ajudou a conseguir o alvará e de última hora descemos pra rua. Esse ano eu corri atrás com antecedência”, relatou. Foram necessárias, para isso, visitas à Guarda Municipal, ao Departamento de Trânsito, Ourotran, e à Secretaria de Cultura e Turismo.
Apesar da burocracia necessária, Leandro conseguiu o alvará e pôde conduzir o carro sem grandes riscos de multas e apreensões. Depois do desfile, por volta das 16h, o som automotivo continuou tocando, animando a multidão com funks, axé e até forró e eletrônica. O esforço de Gordinho rendeu reconhecimento dos foliões, que o aplaudiram e sugeriram a criação de um bloco próprio. Leandro, entretanto, diz que não sabe se essa ideia sairá do papel, pois sabe que a responsabilidade aumenta.
Neste ano, além do Bloco Vira Folha, seu carro tocou nos blocos Caipirinha, no sábado, e Bloco da Luluzinha, na segunda-feira, durante o carnaval de Cachoeira do Campo. Na segunda-feira, houve uma discussão que gerou tumulto, mas Gordinho ressalta que não teve envolvimento: “É porque é uma coisa que eu detesto é a tal da confusão, só quero fazer a alegria do povo, não recebo nem cobro um real de ninguém”, destaca.