Por Marcos Delamore
Durante a 57ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Ouro Preto, os vereadores Ricardo Gringo (Republicanos) e Renato Zoroastro (PSB) apresentaram requerimentos solicitando informações e esclarecimentos sobre o pagamento do setor artístico-cultural da cidade histórica mineira. Os documentos foram encaminhados para a Prefeitura de Ouro Preto e a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Os requerimentos nº 310/2025 e nº 315/2025 foram criados a partir de uma declaração do cantor e musicista de Ouro Preto, Wandrey, integrante do grupo de pagode Doce Trapaça, acerca da falta de pagamentos, por parte da administração pública municipal, aos artistas locais em apresentações e eventos na Cidade Patrimônio Mundial.
Em vídeo compartilhado nas redes sociais do artista, ele questiona os contratantes sobre os motivos de os débitos ainda não terem sido quitados com as bandas locais. “A gente faz um show sem saber quando vai receber. A banda Doce Trapaça realizou quatro shows para a Prefeitura Municipal de Ouro Preto, sendo o primeiro deles em abril. Já fazem cinco meses e, até hoje, não sabemos quando iremos receber”, manifestou Wandrey.
Em plenário, os vereadores discutiram e se posicionaram a respeito do assunto, revelando pareceres para apurar a veracidade dos fatos, além de buscar medidas e ações para solucionar a situação e evitar possíveis atrasos nos honorários dos artistas.
O vereador Ricardo Gringo destacou que inúmeros bandas e músicos locais reclamaram sobre a falta de pagamento de apresentações realizadas a convite da Secretaria de Cultura e Turismo. Segundo ele, relatos indicam que a situação afeta artistas de diversos gêneros musicais e profissionais da cadeia produtiva cultural em geral, como produtores e técnicos.
“As bandas locais não têm o mesmo tratamento que as demais. O Wandrey disse que já está a quatro eventos sem receber. A gente precisa, a partir da Casa Legislativa, promover o princípio da isonomia e tratar a todos com igualdade. Peço, através deste requerimento, que se apure o caso e, se for confirmada a veracidade dos fatos, que cobre, aos órgãos responsáveis, o tratamento igualitário com as bandas da região”, afirmou Gringo.
O parlamentar e primeiro-secretário da Casa Legislativa, Renato Zoroastro, integrante de um grupo musical de Ouro Preto, requisitou esclarecimentos sobre a dotação orçamentária destinada para esse tipo de contratação. Ademais, ressaltou a cultura como um dos pilares da identidade de Ouro Preto, que é reconhecida nacional e internacionalmente.
“Lamentável! Faz 33 anos que subi no palco pela primeira vez e, de lá pra cá, sempre acontece isso. Sempre tem que pedir para receber. Ouro Preto, repleto de eventos, movimentando a economia, trazendo o turismo, mas, quem faz a festa sai no prejuízo, que são os músicos, produtores e prestadores de serviços. De que adianta a gente fazer essa quantidade de evento que a cidade faz e não poder honrar com os compromissos com essas pessoas que, realmente, levam a alegria? E outra, não é cobrança, é direito. Fizeram o show, tem que receber”, refletiu Zoroastro.
O presidente da Câmara Municipal de Ouro Preto, Vantuir Silva (Avante), reforçou o pronunciamento dos vereadores e salientou a necessidade de se respeitar os contratos e de cumprir as responsabilidades com os vencimentos dos artistas e fornecedores de serviços.
“Precisa ter uma reflexão, principalmente do secretário e do prefeito, de que: se tem dinheiro, faz; se não tem, não tem como fazer evento. Está chegando o momento de votarmos o orçamento e veremos o valor de investimentos destinados à Secretaria de Cultura e Turismo, para custear todas as festividades do ano que vem. As grandes festas precisam ser produzidas por patrocinadores e empresas, e não com recursos do município. Se não mudar a forma de pensar e de investir o nosso recurso, a conta nunca vai fechar. Tem que saber captar recursos e investir. Se não mudar o jeito de fazer a gestão, infelizmente, ano que vem será a mesma coisa”, declarou Vantuir.
Os requerimentos foram aprovados por 14 votos, somados com o posicionamento e explanações dos parlamentares, e seguirá em tramitação na Casa Legislativa de Ouro Preto.
O Jornal O Liberal Inconfidentes contactou o secretário de Cultura e Turismo de Ouro Preto e, até o fechamento desta edição, não obteve resposta oficial.