Mineradora reuniu imprensa para falar da licença ambiental para utilização da cava Sul de Alegria como depósito de rejeitos
Uma luz no fim do túnel parece dar esperanças à Samarco e àqueles que anseiam pela retomada das atividades da mineradora. A empresa, que está com os trabalhos suspensos desde novembro do ano passado, conseguiu a anuência do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, para a utilização da cava Sul de Alegria como depósito de rejeitos. Na segunda-feira (13) a empresa reuniu a imprensa da região para apresentar os aspectos técnicos e ambientais para utilização da cava e o que isso representa para a volta da empresa.
De acordo com o gerente Geral de Licenciamento, Márcio Perdigão, esta é a melhor saída para garantir a retomada da Samarco. “A proposta leva em consideração a utilização de um espaço confinado. Entre os critérios para a escolha da cava de Alegria Sul estão também a capacidade de armazenamento e o tempo de execução das obras de preparação. Por ser uma área que já sofreu intervenções, haverá impacto mínimo ao meio ambiente”, garantiu. A cava de Alegria do Sul fica em Ouro Preto, mas não tem conexão física com a área de barragens do Complexo de Germano, do qual fazia parte a barragem de Fundão. No local ainda há mais de 150 milhões de toneladas de minérios. Serão retirados 12 milhões para transformar o local em deposito de rejeito. Em 2024, aproximadamente, a mineradora poderá retirar o rejeito e voltar a extrair o minério remanescente.
A expectativa é de que a empresa volte a operar no segundo semestre de 2017 com 60% da capacidade instalada. Caso a licença da cava Sul seja liberada, a mineradora irá precisar de um prazo de seis meses para preparar o local para receber o rejeito, que tem capacidade de armazenamento de 17 milhões de metros cúbicos de rejeitos, garantindo o funcionamento por 2 anos. Neste período a empresa planeja produzir 36,7 milhões de toneladas de minério.
Márcio Perdigão ainda ressaltou que nesse período a empresa deve apresentar novos planos de áreas para a deposição do material para garantir a continuidade do negócio.
Para usar a cava de Alegria Sul como depósito, a Samarco ainda precisará de autorização da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad). Para discutir o assunto, a empresa promoveu audiências públicas em Ouro Preto, na quarta (14) e Mariana, na quinta (15).
A receita da empresa, quando estava em operação, correspondia a 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo e a 1,5% do PIB de Minas Gerais. Esses números se traduziram em compras de R$ 5,5 bilhões em 2014 e 2015, o que contribuiu para atenuar os efeitos da crise econômica.
Atualmente, Perdigão afirma que a empresa opera com recursos advindos de empréstimos dos seus acionistas.
Estudo revela prejuízo financeiro com a paralisação da mineradora em 2017
No início da semana (12) a empresa anglo-australiana BHP Billiton divulgou dados de um estudo sobre o impacto financeiro da paralisação da Samarco em 2017. De acordo com as informações divulgadas pela Agência Brasil, se a mineradora não voltar a operar, o poder público deixará de arrecadar no próximo ano R$ 989 milhões em impostos federais, estaduais e municipais. A retomada das atividades é de interesse da BHP Billiton que é acionista da Samarco, assim como da Vale. O estudo foi realizado pela Tendência Consultoria Integrada e apontou ainda que a paralização colocará em risco quase 15 mil vagas diretas e indiretas de emprego, afetando principalmente trabalhadores mineiros, o que representa mais de 100% de todos os empregados de Mariana e cerca de 80% dos trabalhadores na cidade de Ouro Preto. Sem estes postos de trabalho, a massa de renda de Minas Gerais poderá retrair R$ 916 milhões no próximo ano.