Associação de moradores do Alvorada utilizaram a tribuna livre para tratar sobre os problemas de iluminação, escoamento e saneamento básico do bairro. Imagem: Youtube Câmara Municipal de Mariana/Reprodução
Por: Amanda de Paula Almeida
Moradores dos bairros Alvorada e Vila São Vicente estiveram presentes na 2ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Mariana, realizada nesta segunda-feira (10), para discutir as necessidades de adequações e obras em suas localidades. Representantes da Associação do bairro Alvorada destacaram, entre outros pontos, a necessidade de conclusão do processo de Regularização Fundiária Urbana (REURB) e os problemas de escoamentos causados por uma condicionante da Samarco na pavimentação da Estrada da Purificação, que liga a sede de Ouro Preto (MG) ao distrito de Antônio Pereira. Já os moradores do bairro Vila São Vicente procuraram a Câmara para tratar sobre os impactos da duplicação da BR-356 em suas casas.
Bairro Alvorada
O vice-presidente da Associação do bairro Alvorada, Anderson Ricardo Silva, utilizou a tribuna livre da Reunião para destacar as questões envolvendo iluminação, mobilidade e saneamento básico enfrentadas pelos moradores. Segundo o representante, em período de chuva agrava-se o problema causado pelo escoamento na pavimentação da Estrada da Purificação: “Quando você faz uma pavimentação, você faz a drenagem e tem que jogar essa drenagem em algum ponto. Então, vários pontos foram jogados para dentro do bairro e piorou bastante a situação das estradas que a gente tem lá, que são estradas de terra”, explicou Anderson.
Além disso, o vice-presidente ressaltou a falta de energia elétrica regularizada, a ausência de um ponto de ônibus com área coberta e a precariedade da pavimentação: “Não tem saneamento básico, todas as casas têm força, mas iluminação não tem, a estrada de terra muito precária, somente carro pequeno que pode entrar dentro do bairro e sair. Então, o que que acontece? São mais de 60 famílias dentro do bairro. São pessoas que têm criança na escola. As crianças têm que andar até o ponto para o carro que recolhe essas crianças para ir para a escola. Então, a gente precisa de um bairro que precisa de tudo, é um bairro que necessita de uma atenção do poder público”, destacou.
Durante discussão, o vereador Ítalo de Majelinha (PSB) enfatizou a necessidade de incluir as empresas mineradoras no debate, uma vez que grande parte dos problemas enfrentados por Mariana tem relação direta ou indireta com a mineração: “E é por isso que eu falo sempre, vou falar novamente, nós precisamos colocar essas mineradoras no jogo. Elas trazem muitos impostos para as nossas para a nossa cidade, CFEM cai todo mês. Mas quanto custa isso para a gente? A Troco de quê? Escolas superlotadas, cidade insegura, crescimento desorganizado da nossa cidade. (…) Depois, ela vem aqui, faz um agradinho e fala que é boazinha, inaugura um museu, dá um milhão ali para fazer uma ‘obrinha’ aqui, mas a mão no bolso, o dinheiro de verdade, fica longe de Mariana”, afirmou o vereador.
Por fim, ficou decidido que o presidente da Câmara Municipal, Ediraldo Ramos (PSB) enviará um ofício à Secretaria de Governo para marcar uma reunião com a presença da Samarco, da população e do Executivo municipal, para discutir todas as medidas levantadas pelos moradores do bairro Alvorada.
Bairro Vila São Vicente
Os moradores do Bairro Vila São Vicente também estiveram presentes na sede da Prefeitura de Mariana na tarde desta segunda-feira (10), buscando atendimento com o prefeito Juliano Duarte (PSB). No entanto, foram informados de que não seria possível devido à agenda do representante público. Diante disso, os moradores iniciaram um protesto pacífico em frente à Prefeitura.
Durante a reunião da Câmara, Raquel Aparecida de Souza Cruz, moradora do Bairro Vila São Vicente, destacou a preocupação dos residentes em relação à duplicação da BR-356. O projeto, que está em debate desde 2018, visa melhorar a segurança e a eficiência da rodovia, além de fomentar o turismo e a economia da região. A proposta prevê a duplicação de 67,36 km, a construção de 39,8 km de faixas adicionais e um contorno de 7,3 km em Cachoeira do Campo.
Raquel Aparecida ressaltou que, embora os moradores reconheçam a importância da obra, eles estão preocupados com as fiscalizações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) sobre as residências da comunidade que estão dentro da faixa de domínio da rodovia.
“Nós entendemos que a duplicação é parte de um progresso, é algo que vai trazer um benefício para nossa cidade, de forma nenhuma o morador levantou esta bandeira [de recusar a duplicação da BR-356], principalmente uma bandeira partidária”, destacou Raquel Aparecida.
Os moradores e vereadores também criticaram o agendamento das Audiências Públicas para tratar sobre a concessão. A primeira reunião, depois do retorno da área para a administração federal, aconteceu no mesmo dia e horário da diplomação dos candidatos eleitos de Mariana. Já na segunda Audiência, no dia 10 de janeiro deste ano, o prefeito, vereadores e moradores estiveram presentes, mas mesmo assim não obtiveram as respostas e certezas esperadas sobre o futuro dos residentes na faixa prevista pela concessão.
“Nós temos documentação, não somos invasores. Mas mesmo assim, diante do Estado, nós não temos a certeza se eles vão chegar ou não para requerer a propriedade. Nós só queremos resposta, a gente quer saber alguém que ajude a gente a se defender de um poder que desde 2018 não foi solucionado”, reafirmou Raquel.
O debate foi recebido por unanimidade com todos os legisladores da Câmara Municipal de Mariana. O vereador Ronaldo Bento (PSDB) pediu ao Presidente da Casa, Ediraldo Ramos, de convocar uma Audiência Pública já para a próxima semana, com o objetivo de tratar sobre os assuntos relativos à duplicação da rodovia.