Mau cheiro, abandono e medo são as principais reclamações dos residentes. Imagem: Ellen Barros/ Instituto Guaicuy
Por: Amanda de Paula Almeida
O Instituto Guaicuy, responsável pela Assessoria Técnica Independente (ATI) dos atingidos pela barragem Doutor no distrito Antônio Pereira, de Ouro Preto, denunciou no último dia 11 a situação da Zona de Autossalvamento (ZAS) onde moradores apontam mau cheiro, acúmulo de lixo e o medo constante de um rompimento da barragem.
A ZAS trata-se da área próxima à barragem, onde se considera que não há tempo suficiente para que autoridades competentes ou serviços de emergência ajudem a população a evacuar em caso de rompimento ou vazamento da barragem, sendo os moradores responsáveis pelo próprio salvamento.
Insalubridade e medo na ZAS
No caso de Antônio Pereira, além de lidarem com a insegurança de um possível rompimento sem chance de salvamentos por autoridades, os moradores da ZAS também enfrentam condições insalubres com imóveis abandonados, descarte inapropriado de entulhos e acúmulo de lixo. Em matéria divulgada pelo Instituto Guaicuy, moradores denunciaram o descaso e o abandono por parte das mineradoras e do poder público.
Moradores denunciam descaso com a situação da ZAS. Imagem: Ellen Barros/ Instituto Guicuy
Algumas famílias que convivem com a insalubridade da ZAS entraram com pedido da própria remoção na Justiça. “O medo do rompimento da barragem, os surtos de arboviroses causadas pelos nascedouros de mosquitos nos imóveis abandonados, a ocupação noturna dos imóveis por pessoas em situação de vulnerabilidade e uso problemático de substâncias, a paisagem catastrófica, a poeira das obras na Barragem Doutor, o mau cheiro, tudo isso, faz com que suas casas deixem de ser um lar”, ressalta a publicação do Instituto Guaicuy.
A ATI também destacou que as denúncias dos moradores da ZAS não são recentes. Em 2024, durante o surto de dengue em Ouro Preto, somente o distrito concentrou 85% dos casos registrados no município. Além da negligência com as condições sanitárias do local, os moradores também denunciaram a falta transparência da Vale sobre os riscos da Barragem Doutor e as ações em curso.
“É difícil! Tira a liberdade da gente, é entulho que joga, acesso para qualquer um entrar, o fundo de casa é aberto daí tira a liberdade… Tá bem tenso. Tem muita sujeira! (…) A gente fica num lugar assim, abandonado. Não convém ficar morando num lugar assim. Eles tinham que tirar todo mundo”, destacou uma das moradoras da ZAS ao Instituto Guaicuy.