Reportagem e Imagem: Gabriel Ferreira
Na manhã desta segunda-feira (25), Mariana recebeu um evento para o anúncio da duplicação da BR-356. A Praça Minas Gerais foi palco da cerimônia que contou com a presença do governador do estado de Minas Gerais, Romeu Zema. As obras têm a previsão de serem concluídas no final de 2025.
O início do evento foi marcado pela assinatura do documento de despacho governamental, realizada por Zema. Após isso, o governador do estado enfatizou todo o esforço colocado por parte do poder público durante o processo de negociação do acordo, fez críticas à Fundação Renova e garantiu a destinação de recursos para a obra mesmo após o fim do mandato.
O prefeito eleito Juliano Duarte, e o prefeito Celso Cota falaram sobre o impacto da tragédia no município, enfatizando a necessidade de uma indenização justa visando não somente a reparação de perdas materiais, mas também dos danos imateriais. Ambos também mencionaram a importância da rodovia para o desenvolvimento econômico da cidade, reconhecendo a mineração como base da economia na região. Ao final de sua fala, Juliano Duarte pediu a Zema um olhar atento também para a MG-129, que se torna uma região saturada devido ao trânsito de carretas que gera dificuldades de mobilidade na região. Cota apoiou o discurso e pedido de Duarte, aproveitando também para reafirmar a longeva preocupação do executivo com a Repactuação e a importância da verba de R$1 bi destinada à área da saúde.
Além destes, Pedro Bruno Barros (Secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade), Raquel Gomes de Sousa (Defensora Pública-Geral do Estado), Carlos Bruno Ferreira (Procurador da República – MPF) e Luís Otávio Milagres (Secretário de Estado adjunto de Planejamento) também obtiveram seu momento de fala. Em geral, reafirmaram em seus discursos o comprometimento e a satisfação do poder público no processo do Acordo de Repactuação. Destacaram também que a duplicação da BR implica não somente em melhorias econômicas, mas também sociais, com mais segurança para quem utiliza a via. A importância da assinatura do despacho governamental ter sido realizada em Mariana, a priorização nos casos de indenização através de projetos e a postura de desburocratização também foram mencionadas.
Em paralelo a isso, houve manifestações por parte da população próximas ao local em que ocorria a cerimônia. Manifestantes alegaram que a ausência dos atingidos pela barragem impossibilita a firmação de um acordo justo que possa reparar parte dos danos causados pelo rompimento. A invisibilização da população tem sido um tema recorrente desde o anúncio da homologação do Acordo de Repactuação.
Em depoimento ao Jornal O Liberal, Mônica Santos, moradora de Bento Rodrigues e voz importante na luta dos atingidos pela barragem, comentou sobre o atual momento.
“Mais uma vez as comunidades e moradores atingidos sofrem um golpe, porque fizeram essa repactuação sem a nossa participação. Hoje na cidade do epicentro do crime, o governador vem falar sobre o que vai ser feito com o dinheiro da repactuação e mais uma vez fomos impedidos de ouvir o que ele tinha para dizer. É lamentável o que aconteceu hoje… Mais uma vez estão decidindo nossa vida sem a nossa participação… Então esse governo não me representa”, completou Mônica.