Com esse valor, cada um dos 15 parlamentares gastaria R$ 66,24 por sessão. Já um almoço fora de casa, custa em média R$ 30,48 nas grandes cidades
Um contrato de mais de R$ 46 mil para fornecimento de lanches para a Câmara de Mariana chamou atenção e indignou alguns moradores da cidade. O processo de licitação não divulgou a quantidade e os valores especificados, o que gerou dúvidas.
A vencedora do certame, que ocorreu na modalidade pregão, onde vence o menor preço para contratação, foi a Padaria Andrade. O anúncio foi feito no dia 30 de janeiro, no Diário Oficial do município. O valor total orçado para um ano é de R$ 46.722. Em processos licitatórios de até R$ 80 mil, de acordo com a Lei, apenas micro e pequenas empresas podem participar do certame. A empresa, que é de Mariana, pertence a parentes do secretário de Governo e Relações Institucionais da cidade, Edvaldo dos Santos Andrade, que atualmente responde por improbidade administrativa no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
A notícia causou indignação de alguns moradores, que não concordam com a contratação. “É um absurdo esse lanche dos vereadores de Mariana. O salário deles já é bom demais. Já tem a verba indenizatória e a Câmara ainda tem que pagar lanche?”, questiona o morador do bairro Cabanas, Gabriel Marciano. “No momento que a cidade de Mariana está vivendo, eu acho que quanto mais a gente economizar e saber gastar esse dinheiro em outras coisas, seria o necessário”, completa o morador que divulgou um vídeo na sua página na internet, onde já teve mais de duas mil visualizações.
O contrato prevê dez itens de alimentação, entre eles dois mil caldos, 200 quilos de bolos e mais de 200 unidades de refrigerantes de dois litros. De acordo com a Casa, os lanches serão fornecidos aos vereadores e aos veículos de imprensa durante as reuniões.
Comparativo
O site Vertices, de Mariana, fez um comparativo de valores. Se a Câmara repetisse as 47 reuniões que teve em 2016, entre ordinárias e extraordinárias, o valor para o lanche de cada vereador ao longo do ano seria de mais de R$ 3 mil.
Já o preço por sessão para cada um dos 15 parlamentares iria ser de R$ 66,24. Esse valor é bem maior que os R$ 30,48 que o brasileiro gasta, em média, para comer fora de casa em um almoço nas grandes cidades, de acordo com medição feita pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador, realizada no ano passado.
Conforme pesquisa feita pela revista “Crescer”, cada pessoa consome, em média, cerca de 100 gramas de bolo em um evento. Sendo assim, se a Câmara solicitar os 200 kg de bolo previstos no edital e cada vereador consumir 100 gramas por reunião, seriam 28 pedaços para cada um dos parlamentares, em apenas uma sessão.