O desfile das Escolas de Samba marianenses aconteceu no domingo de carnaval. Imagem: ASCOM PMM
Por: Amanda de Paula Almeida
O Carnaval de Mariana 2025 celebrou os 328 anos de tradição e patrimônio do município com o tema “Se Minas é carnaval, Mariana é a capital”. Seguindo essa proposta, as escolas de samba locais apresentaram sambas-enredo que resgataram a história de cada uma delas. Neste ano, as escolas Vila do Carmo e Morro da Saudade representaram o grupo adulto no desfile da Primaz de Minas.
Escola de Samba Morro da Saudade
A Escola de Samba Morro da Saudade foi fundada em 1975, inicialmente como um bloco que desfilava pelas ruas do distrito de Passagem de Mariana, tocando latas e animando os moradores locais. Somente em 1985, o bloco se transformou oficialmente em escola de samba. O samba-enredo deste ano, composto por José Benedito Donadon, reverencia as “Alas de libertação na estrada real do samba”, em homenagem aos 40 anos da escola: “Este samba foi uma homenagem aos 40 anos da Escola e levamos para a avenida a nossa história, cada ala, cada carro, contava uma retrospectiva desses 40 anos. Por exemplo, o carro alegóricos que tinha um fusca puxando uma carreta com a borboleta, foi o primeiro carro alegórico da Escola, em 1985, representou a transformação do bloco em escola”, explica o presidente da Morro da Saudade, José Arlindo Pinto.
Uma das dificuldades enfrentadas pela escola é o repasse financeiro, que costuma ocorrer muito próximo ao carnaval. Segundo o presidente, logo após o término de um carnaval, já se começa a pensar no próximo, mas “a preparação das fantasias e carros alegóricos só pode começar depois de receber o recurso”.
Neste ano, a Câmara de Mariana aprovou, no dia 31 de janeiro, o Projeto de Lei (PL) 11/2025 que autorizava o repasse de R$80 mil para as Escolas de Samba, ou seja, a menos de um mês do carnaval. “O recebimento do recurso muito próximo do carnaval dificulta bastante e chega a comprometer o projeto preparado”, declara o José Arlindo Pinto.
Outro desafio enfrentado pela Escola é a dificuldade de se deslocar para o desfile. A Morro da Saudade é do distrito de Passagem de Mariana, enquanto o desfile acontece na Praça Tancredo Neves, no centro da sede. Contudo, o presidente diz que este desafio consegue ser superado com o apoio da comunidade à Escola.
Quanto ao saldo deste carnaval e aos planos para a folia de 2026, o presidente destaca o empenho de todos e a expectativa de receber o recurso com mais antecedência para o planejamento: “A recepção do público foi muito boa, a escola fez um desfile com muita garra e superação, e tudo deu certo. O desfile foi maravilhoso, sempre aprendendo e buscando melhorar. A nossa expectativa para o próximo ano é conseguir o recurso para o Carnaval 2026 mais cedo, para termos tempo de preparar e executar o projeto do enredo”, finaliza o presidente.
Escola de Samba Vila do Carmo
A Escola de Samba Vila do Carmo foi fundada em 1980 por um grupo de amigos e vizinhos: Madalena, Sinval, Antônio, Alair, Marília, Gogoi e Lilico. O primeiro desfile aconteceu no ano seguinte, em 1981. Em 2025, o samba-enredo da escola repetiu o tema de 1992, homenageando Léa Dias, com o título “Tudo é misticismo, é irreal”, cuja letra foi composta pela professora. Ao todo, a escola contou com cerca de 450 integrantes.
A vice-presidente da escola, Jaqueline Tereza da Silva, filha de Gogoi, um dos fundadores da Vila do Carmo, destaca o trabalho de todos os envolvidos na continuidade da história da escola: “A nossa equipe já está há 10 anos. O André Luiz, o presidente, e a Cristina, nossa secretária, são as pessoas mais importantes da escola. Eles resolvem toda a questão burocrática e financeira com a prefeitura. Eles são a cabeça da escola”, afirma.
Quanto às dificuldades, Jaqueline também ressalta o fato de a liberação da verba ser muito próxima do carnaval e a falta de um barracão: “Gostaria de lembrar que a Vila do Carmo tem 45 anos e não tem nem um barracão para trabalharmos e guardarmos nossas coisas e carros alegóricos. Com isso, perdemos muito material, especialmente nos carros, que ficam expostos ao tempo e vão se deteriorando cada vez mais. O nosso local de trabalho é na casa da minha irmã, e os carros ficam na Arena Mariana. É muita luta. Tudo o que pedimos há anos é o nosso barracão”, declara.
Neste ano, a falta de um barracão resultou na quebra de um dos carros devido à grande exposição ao sol: “Agradeço a todos os foliões da Vila do Carmo e peço desculpas aos que saíram no carro que quebrou. Agradeço de coração a toda a nossa equipe, que trabalha incansavelmente, dia e noite. A nossa escola brilha sempre! Viva a família Vila do Carmo”, finalizou.