Servidores públicos municipais de Itabirito compareceram a reunião da Câmara na segunda-feira (5) para protestar contra fala do vereador Renê Butekus (PSDB), proferida durante a reunião do dia 26, quando o edil chamou de “bandido meia dúzia de servidores”. O assunto surgiu com o debate do reajuste dos servidores, projeto que ainda não foi encaminhado para a Casa Legislativa. O vereador declarou que houve deturpação da sua fala e não mudou o seu pronunciamento.
Dezenas de servidores lotaram o plenário aguardando ansiosos o pronunciamento do vereador, que foi muito vaiado e recebido de costas pelos manifestantes. Com a maioria de roupa preta, faixas espalhadas pelo plenário, apitos e ainda dinheiro falso jogado para o alto, foi preciso a intervenção do presidente da Casa, Rodrigo do Porco (PSD) e do edil Rocha do PT (PT) para que os ânimos fossem acalmados.
Em sua defesa, Renê não voltou atrás no que disse, mas reconheceu que usou mal a palavra bandido ao se referir aos servidores. “Tentaram deturpar a minha fala, mas há o áudio da reunião para comprovar. Não retiro o que eu falei, posso até ter me colocado mal falando bandido, mas não retiro o que disse. Quando me refiro a meia dúzia, são seis para quem sabe contar. Agora, infelizmente algumas pessoas se doeram”, reafirmou o edil, sem citar nomes. Renê disse que a meia dúzia de servidores, junto com o Sindicato dos Servidores Municipais de Itabirito (Simdsemi) faz oposição ao governo e tenta desestabilizar o trabalho do executivo e que em momento algum se referiu a todos os servidores.
Ainda no seu posicionamento, Renê aproveitou a manifestação para sugerir a formação de uma comissão na Câmara para investigar a prestação de contas do sindicato, no valor de R$ 888.405,82, referente ao exercício de 2013 a 2017. “É muito dinheiro. Queremos saber dessa prestação de contas, pois isso também é lutar pelo servidor, pois é dinheiro de vocês”, alegou Renê. A denúncia surpreendeu os manifestantes.
Sindsemi
Em entrevista ao jornal O LIBERAL, a presidente do Sindsemi, Solange Maria de Souza Cruz, relatou que juntamente com os servidores, estão recolhendo dados das reuniões para entrar com uma ação contra o vereador. “Nós entendemos que o Legislativo tem imunidade parlamentar, mas o vereador infringiu a Lei chamando o servidor de ladrão, e que ele se explique por isso. Estamos juntando informações para que ele seja responsabilizado juridicamente. Vamos procurar o Ministério Público ou até mesmo pedir um mandado de segurança”, afirmou Solange.
Ainda segundo a presidente, a prestação de contas de 2013 a 2016 está disponível para consulta na sede do sindicato, e a referente a 2017 está em andamento. “Não sabemos de onde o vereador tirou esse valor (R$ 888.405,82) para prestação de contas. Em 2013 a contribuição sindical não foi descontada na folha do servidor, e em 2014, depois que entramos com uma ação, a atual gestão começou a descontar, mas o valor foi depositado em juízo devido a uma ação da prefeitura contra a legitimidade da presidência do sindicato na época”, ressaltou.
Os representantes do Sindsemi declaram que são apartidários. Ainda enfatizaram que em nenhum momento a direção foi procurada pelo Legislativo para esclarecer qualquer assunto. “Assim como a Casa Legislativa é de respeito, o sindicato também é. Somos representantes de classe, reconhecidos por certificado. Que o Legislativo reconheça isso, principalmente pelos ofícios enviados à Casa e que estão sem respostas até hoje. Estamos sempre abertos ao diálogo para quem tiver interesse em defender o direito dos servidores”, finalizou.
