Reportagem: Raquel Barakat
Criado em 2016, pela ADESIAP, o projeto “Só por hoje” busca o acolhimento e a transformação na vida de pessoas que se identificam como alcoólatras, e buscam ajuda para se livrarem do vício.
Hoje, o alcoolismo é uma questão de saúde pública.
Segundo pesquisa divulgada neste mês, com dados de 2019, são gastos cerca de 18 bilhões de reais em tratamentos e internações devido ao alcoolismo. Além disso, a taxa de morte chega ao alarmante número de 12 óbitos por hora.
Apesar de ser uma droga legalizada, o álcool pode ser uma porta de entrada para outras drogas, iniciando às vezes na infância.
Projeto “Só por hoje”
Com 9 anos de criação e bons resultados no município, o projeto, que tem como coordenador Gilmar Batista, e como voluntário Danilo Donato, conta com diversos programas para recuperação de jovens e adultos que se iniciaram no mundo do alcoolismo.
Além do trabalho desenvolvido, os dois membros possuem experiências de vida semelhantes a quem buscou no caminho do álcool e drogas, refúgios, e hoje se encontram em situação de ajuda.
Gilmar Batista esclareceu sobre a entrada, principalmente dos jovens, no mundo do álcool. “Geralmente o jovem ou adolescente entra pela busca da identificação, pertencimento a um grupo e acontece também com o exemplo de casa. O filho vê o pai, tem aquele exemplo, acha bacana e entra naquele mundo”.
O voluntário, Danilo Donato comentou sobre a visão que as pessoas têm do álcool. “Hoje o álcool é visto como uma coisa normal, uma coisa de celebração, mas é a droga que mais mata no mundo”. Outro ponto citado por Donato é a falta de fiscalização sobre a venda de bebidas alcoólicas para menores de idade, já que a proibição é uma lei federal.
Danilo Donato contou que viveu essa experiência de perto, colocando em risco a própria vida e em desespero, o seu ambiente familiar. “Meu primeiro contato foi aos 12 anos de idade. Cientificamente falando, quanto mais cedo tiver o contato, a chance de tornar dependente do álcool é bem maior. Pela nossa experiência, o álcool é a porta de entrada para outras drogas. Busquei em outras drogas refúgio para tristezas, alegrias, e isso tirou meus sonhos. Sonho de ser jogador de futebol, sonhos de adolescente e sonhos dos meus familiares”.
Porta de entrada
O coordenador Gilmar falou sobre como o álcool pode deixar de ser suficiente na busca por euforia, levando então a outras drogas. “A pessoa toma aquele “porre” a primeira vez, começa a achar que não foi tanto, que ficou tranquilo, daí procura meios para poder, como no meu caso, procurei outras substâncias para poder “ficar ligado” e foi onde desestruturou totalmente a minha família”, relata.
Organização do projeto
O projeto “só por hoje” é um produto da ADESIAP, com buscas ativas, acompanhamento do programa 12 passos e indicações para comunidades terapêuticas. “A gente vai até a pessoa, procura entender o problema dela para encaminhar para o que é mais necessário. Geralmente, nosso primeiro contato é na forma virtual, por telefone e whatsapp”. A busca pode ser feita tanto pela pessoa quanto pelos familiares.
Danilo Donato, que foi o primeiro cliente do programa, falou sobre os resultados. “Fui acolhido em 2016, onde minha família estava em desespero. O projeto já atendeu mais de 800 famílias, mais de 250 pessoas encaminhadas para comunidades terapêuticas, onde a pessoa tem o livre arbítrio de ficar ou não”.
Danilo também destacou que outra preocupação do projeto é a inserção no mercado de trabalho, com mais de 33 pessoas já recolocadas no mercado de trabalho.
Informações
Para quem deseja buscar ajuda ou conhece alguém, é só buscar as redes sociais SÓ POR HOJE. Há também atendimento na própria ADESIAP.
Lembrando que o projeto atende pessoas de regiões próximas.
