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ONG Vida Animal defende fim dos rodeios em Itabirito durante fala na Tribuna Livre da Câmara

ONG Vida Animal defende fim dos rodeios em Itabirito durante fala na Tribuna Livre da Câmara

Por: Victória Oliveira

Na reunião da Câmara Municipal de Itabirito da última segunda-feira (30), a Tribuna Livre foi ocupada pelas representantes da ONG Vida Animal, que atua voluntariamente na cidade e seus distritos. A presidente, Luciana Gruna, e a vice-presidente, Cláudia Cotta, usaram o espaço para apresentar as ações da entidade em prol da causa animal e defender o fim da realização de rodeios no município.

Durante a fala, as voluntárias destacaram a importância de políticas públicas de proteção e bem-estar dos animais, apresentando projetos realizados ao longo dos anos, como o programa de castração gratuita, as feiras de adoção, o “CãoMinhando” e o “Banhos e Mimos”, entre outros. Elas também solicitaram aos vereadores que continuem destinando emendas impositivas para as ações da ONG e reforçaram o apelo para que o município atue na prevenção e no combate aos maus-tratos.

Um dos pontos centrais da fala foi a defesa do fim definitivo dos rodeios em Itabirito. As representantes relembraram que a última edição do evento, realizada em 2014, terminou com dois animais gravemente feridos, que precisaram ser eutanasiados. Segundo elas, a experiência evidencia os riscos associados a esse tipo de espetáculo.

As voluntárias alertaram que laudos veterinários atestam dor, lesões e estresse em animais submetidos a rodeios, devido ao uso de técnicas como sedém, choques elétricos, esporas e contenções agressivas. Para o grupo, não há possibilidade de realizar um rodeio sem sofrimento animal, mesmo com fiscalização e presença de veterinários. “Não há cultura quando há crueldade”, afirmaram.

Ainda segundo a ONG, oito cidades mineiras já proibiram a realização de rodeios, sendo três delas por meio de legislação específica. Apesar de uma lei federal sancionada em 2016 ter declarado os rodeios como patrimônio cultural imaterial do Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já se manifestou contrariamente à prática, apontando que ela não atende aos critérios de valorização cultural por conflitar com políticas públicas de proteção animal.

O debate sobre a continuidade de rodeios tem ganhado força em todo o país, com o envolvimento de entidades da sociedade civil e posicionamentos técnicos de instituições como o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que alertou, em uma nota divulgada ainda em 2016, sobre os danos físicos e emocionais causados aos animais nesse tipo de evento.

Em Itabirito, no entanto, o posicionamento da ONG foi rebatido por dois vereadores. O vereador Pastor Anderson (PL) afirmou considerar os rodeios como de suma importância, comparando-os a grandes eventos como o de Barretos. Ele ainda lembrou que Itabirito recebe outras festividades e atividades voltadas ao setor rural, como o Poeirão, concursos de marcha e exposições, que valorizam a cultura do campo. “Vou lutar com todas as forças para que tenha um rodeio responsável aqui”, declarou.

O vereador Lucas do Zé Maria (MDB) também manifestou apoio à retomada dos rodeios. “Pastor, faço suas palavras as minhas. […] Às vezes, para elas são considerados como maus-tratos, para a gente não. Conte comigo, a gente vai lutar para tentar voltar o rodeio para Itabirito e mostrar realmente a realidade. Tirar essa mentira de maus-tratos”, afirmou.

A participação da ONG abriu espaço para o debate sobre os limites entre cultura, entretenimento e proteção animal, evidenciando que a pauta ainda é marcada por divergências no município.

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