Imagem: Prefeitura de Itabirito / Victória Oliveira
Itabirito, Ouro Preto, Mariana e todos os seus distritos acabam de iniciar um novo capítulo na jornada de cuidado, tratamento e reabilitação de pessoas com deficiência. O novo CER II – Centro Especializado em Reabilitação, em Itabirito, foi inaugurado no dia 1º de outubro, marcando um avanço histórico para a região.
Construído do zero, o novo espaço se destaca como um dos centros de reabilitação mais modernos de Minas Gerais, pensado em cada detalhe para oferecer conforto, acessibilidade e qualidade de atendimento. Diferente de muitas estruturas no estado, adaptadas de prédios já existentes, o CER II nasceu a partir de um projeto arquitetônico e estrutural inteiramente dedicado à funcionalidade e ao acolhimento.
O espaço oferece atendimento a pessoas com deficiência física, intelectual, estomizados e pessoas no espectro autista, acolhendo crianças, jovens, adultos e idosos. O centro realiza cerca de 700 atendimentos mensais, o que representa até 50 mil atendimentos por ano, considerando que um mesmo paciente pode ser acompanhado por diferentes especialidades ali presentes, como neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, psicologia e psiquiatria, e ser submetido a diferentes técnicas e abordagens.
Além dos atendimentos voltados à reabilitação e aos tratamentos contínuos, o CER II também é responsável pela entrega, orientação de uso e troca de próteses, órteses, bolsas de estomia e outros dispositivos e equipamentos complementares, garantindo suporte completo aos pacientes e às famílias.
Um espaço completo para a reabilitação integral
Logo na entrada, a área externa revela um dos maiores destaques da estrutura: uma piscina acessível, aquecida e ionizada, ideal para terapias aquáticas, que por enquanto é voltada, principalmente, para crianças de 0 a 6 anos. A hidroterapia auxilia em tratamentos de diferentes diagnósticos e sintomas, oferecendo novas possibilidades de estímulo motor e sensorial. Dentro do prédio, o visitante percebe o cuidado em cada detalhe. A recepção ampla e climatizada dá acesso às salas de triagem e de atendimento, agora equipadas com novas tecnologias e métodos terapêuticos.
Entre os novos recursos, o CER II passa a oferecer, por exemplo, a integração sensorial, que trabalha a forma como o cérebro organiza e responde aos estímulos do ambiente; a sala multisensorial, um ambiente tecnológico que estimula todos os sentidos; e o PediaSuit, método que utiliza uma roupa terapêutica para favorecer o alinhamento corporal e o ganho de força em crianças com paralisia cerebral e outros comprometimentos motores.
Além disso, o espaço incorpora as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), que ampliam o cuidado e o bem-estar. Entre elas, a acupuntura, a auriculoterapia e a aromaterapia. Há também uma sala de Atividades de Vida Diária (AVD), onde os pacientes em reabilitação treinam habilidades práticas para o cotidiano, como pentear o cabelo ou cortar um legume.
O novo espaço também modernizou e trouxe mais confortos para alguns atendimentos que já eram realizados anteriormente, como a avaliação e orientação nutricional, e a sala específica para atender a pessoas estomizadas, que agora conta com ambiente adequado, privativo e totalmente equipado para a troca e limpeza das bolsas coletoras.
A estrutura ainda contempla áreas de convivência e descanso para os colaboradores, amplos banheiros acessíveis, salas de reunião e refeitório, garantindo melhores condições de trabalho aos profissionais. Pequenos detalhes, como a presença de ar-condicionado em todos os ambientes, representam grandes avanços para quem enfrentava o calor intenso e condições quase insalubres no local temporário, antes da mudança.
“O principal objetivo não foi ampliar o número de atendimentos, mas oferecer mais qualidade de vida aos pacientes e profissionais. Antes, o espaço era muito quente, sem conforto. Agora, conseguimos garantir um ambiente digno, moderno e com novos recursos terapêuticos. Às vezes, aquele paciente que fazia uma fisioterapia convencional hoje realiza sessões em uma sala de estímulos, dentro da água e num outro contexto.”, explicou Waldyra Salvador, diretora da APAE.
História e reconstrução
Criado em 2013 dentro de um programa federal voltado à reabilitação, o CER integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e é gerido pela APAE de Itabirito, com corresponsabilidade do município. No início, as atividades funcionavam ali mesmo, mas em um prédio antigo cedido pela Prefeitura, que logo se mostrou insuficiente. O espaço rústico não atendia às exigências sanitárias e técnicas, e a proposta de reforma se transformou em uma reconstrução total.
Com 36 anos de atuação na instituição, Waldyra acompanhou cada etapa da obra. Filha de Irany Silva Salvador de Oliveira, voluntária que dá nome à escola especial mantida pela APAE, ela destaca o esforço conjunto para viabilizar o projeto. “Quem aceita dividir mérito, multiplica resultados”, afirma. A obra foi viabilizada com recursos compensatórios da Vale, no valor de R$ 6,5 milhões, complementados por cerca de R$ 5 milhões em emendas impositivas da Câmara Municipal, R$ 1 milhão da Prefeitura e R$ 200 mil da Ferro Puro Mineração, totalizando quase R$ 13 milhões de investimento.
Rede de cuidado e continuidade
O CER II integra uma rede mantida pela APAE, que também administra a Escola Especial com educação infantil, ensino fundamental e EJA, e o Centro Dia, espaço de convivência para adultos e idosos com deficiência que já concluíram o percurso escolar. Essas ações formam um ecossistema de acolhimento e inclusão, que vai além do tratamento clínico, fortalecendo a autonomia e a dignidade de cada pessoa atendida.
Mantido pelo Governo Federal e complementado pela Prefeitura de Itabirito, o novo CER II está pronto para seguir transformando histórias, como um espaço de recomeços, reabilitação e humanidade que nasce no coração da APAE e se estende a toda a região dos Inconfidentes.