Imagem: Instagram Renê Butekus / Victória Oliveira
Vereador denunciou o uso de materiais de limpeza vencidos e falta de insumos, mas foi contestado por colegas que mostraram vídeo com estoques abastecidos em outro almoxarifado
Na última reunião da Câmara Municipal de Itabirito, realizada na segunda-feira (20), o vereador Renê Butekus (PSD) usou a Tribuna Livre para denunciar a falta de insumos básicos de limpeza e higiene nas unidades básicas de saúde (UBS) e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município e a existência de produtos vencidos armazenados.
Renê apresentou fotos e embalagens dos produtos, mostrando que uma das águas sanitárias encontradas possuía validade expirada em agosto de 2025, e que o álcool em gel utilizado nos ambientes da rede pública havia sido fabricado em fevereiro de 2023, com validade de 24 meses, portanto com vencimento em fevereiro de 2025.

Durante a fala, Renê também cobrou atuação mais rigorosa da Vigilância Sanitária do Distrito, lembrando que o órgão tem a prerrogativa de fiscalizar o armazenamento e a validade de insumos, inclusive em almoxarifados de repartições públicas.
Ele criticou a diferença de tratamento entre a fiscalização aplicada aos comerciantes e feirantes da cidade e a que incide sobre o poder público. “Se um comerciante desta cidade, seja ele qual for, estiver com um produto vencido, uma lata de milho ou um chocolate, a Vigilância Sanitária recolhe tudo e descarta, por que com a bonitona da prefeitura pode?” pontuou o vereador.
A denúncia gerou forte repercussão nas redes sociais. Entretanto, na Câmara, o assunto gerou divergências. No fim da reunião, o vereador Manuel da Autoescola (PT) utilizou o tempo da Tribuna Livre para reproduzir um vídeo gravado ao lado dos vereadores Fernando da Sheila (MOBILIZA) e Márcio Juninho (Cidadania), presidente da Câmara, em que eles visitam o almoxarifado central da Prefeitura. Nas imagens, o grupo mostra grande quantidade de materiais de limpeza, como detergente, sabão em pó, sabão em barra e limpador multiuso, além de produtos alimentícios armazenados no local.

Segundo Manuel, o vídeo serviria para demonstrar que há abastecimento de insumos no estoque geral da administração. Contudo, não houve checagem das datas de validade. Além disso, Renê aparece no almoxarifado da UPA, enquanto o trio aparece no almoxarifado central da PMI.
De acordo com especialistas em saúde pública, produtos como água sanitária e álcool em gel perdem sua eficácia após o prazo de validade. No caso da água sanitária, com o tempo, o hipoclorito de sódio (substância ativa) sofre degradação e perde poder desinfetante, tornando a limpeza apenas superficial. Já no caso do álcool em gel, a concentração de etanol pode se alterar, reduzindo a capacidade de eliminar microrganismos e comprometendo a biossegurança dos ambientes de saúde.
A Anvisa orienta, então, que instituições públicas e privadas mantenham controle rigoroso de validade e armazenamento, já que produtos vencidos não garantem a esterilização adequada.
A Prefeitura de Itabirito ainda não se manifestou sobre o assunto, e a Secretaria Municipal de Saúde, procurada pelo O Liberal no dia 23 de outubro, também não emitiu resposta até o fechamento desta edição.