Aparecida Vitória da Silva, fotógrafa e professora da rede municipal de Educação de Ouro Preto. Imagem: Marcos Delamore / Marcos Delamore
O serviço de transporte de pacientes, pela Secretaria de Saúde de Ouro Preto, tem sido alvo de constantes reclamações que começam a se acumular junto ao Conselho Municipal de Saúde da cidade histórica.
São casos como o de Aparecida Vitória da Silva, fotógrafa e professora da rede municipal de Educação de Ouro Preto, que está em tratamento oncológico e precisa se deslocar até o Instituto de Oncologia Ciências Médicas de Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte, para realizar exames indispensáveis para o acompanhamento de seu quadro clínico.
Durante uma sessão plenária da Câmara de Ouro Preto, Vitória fez uso da Tribuna Livre para expor as dificuldades e as complexidades de seu tratamento, além de relatar que a falta de assistência no transporte tem gerado entraves para iniciar o processo de quimioterapia.
“Eu vim à Câmara de Ouro Preto pedir socorro, aos vereadores, pelas falhas constantes do transporte da Prefeitura Municipal de Ouro Preto destinado à Secretaria de Saúde. Peço, encarecidamente, a vocês, um transporte de saúde que vá a todos os bairros da cidade buscar os pacientes com destino a Belo Horizonte e outras cidades”.
Ela ainda mencionou que tinha um exame agendado para o dia 21 de novembro, com autorização do transporte em mãos, mas o veículo responsável pelo deslocamento sequer apareceu.
“Que sofrimento! Fiquei de 3h47 até às 7h da manhã e o carro da saúde não apareceu para me buscar. Foi muito sofrimento, mas muito sofrimento. Eu não podia voltar para a casa, pois eu precisava desse exame para iniciar a minha quimioterapia no dia 12 de dezembro. Eu não fiz esse exame a tempo”, declarou Vitória.
Um outro caso semelhante aconteceu no dia 4 de dezembro de 2025. Aparecida Vitória, que tinha uma nova avaliação médica no ambulatório de Ciências Médicas, e outros pacientes, também em tratamento, aguardavam pelo transporte que, novamente não se apresentou no local marcado.
“Queremos segurança e um tratamento de saúde adequado, disponibilizando um carro para buscar os pacientes da saúde em todos os bairros”, solicitou a professora.
A situação mobilizou os parlamentares, que se manifestaram a favor de Vitória e de outros pacientes, traçando possíveis propostas a serem articuladas com os órgãos competentes. Uma das sugestões idealizadas durante a reunião foi a criação de uma casa de apoio em Ouro Preto, com uma infraestrutura idêntica à da cidade de Belo Horizonte.
“A gente está destinando R$ 500 mil da nossa emenda, R$ 400 mil da emenda do Mercinho, e o vereador Gringo ainda vai ver se pode destinar. Dependendo da conversa, pode chegar a quase R$ 1,5 milhão para que essa casa possa sair do papel”, pontuou Wemerson Titão (PT).
O vereador Ricardo Gringo (Republicanos), membro da Comissão de Saúde da Casa Legislativa, demonstrou um posicionamento de cobrança por ações efetivas para solucionar esses casos. “É inadmissível não ter o carro no horário agendado. Se agendou, tem que buscar. Vamos cobrar com veemência. É inadmissível alguém sair de casa três horas da manhã, esperar até sete e a van não passar.”, expos.
O presidente da Câmara de Ouro Preto, Vantuir Silva (Avante), frisou a necessidade de se realizar uma reunião conjunta com a Secretaria de Saúde para rever a situação. “Precisamos entender quais são os motivos que esse veículo não chegou no horário marcado para levar os pacientes às consultas e exames. Precisamos dar encaminhamentos, agendar uma reunião com o secretário de Saúde e com o chefe de Transporte, e repassar as informações para os pacientes”, revelou.
A Secretaria Municipal de Saúde, em contato com o Jornal O Liberal Inconfidentes, informou que uma apuração está sendo realizada para esclarecer o caso. “Estamos apurando para ver se ocorreu a desassistência, uma vez que existem critérios para ofertar o transporte, por exemplo a solicitação com 48 horas de antecedência. Se constatada a desassistência, iremos checar onde está o erro e corrigir”, afirmou o secretário Leandro Moreira.
O secretário ainda pontuou as dificuldades do transporte em acessar todos os bairros da cidade histórica. “Temos uma rota que faz a região central de Ouro Preto, mas, infelizmente, a gente não consegue entrar em todos os bairros. Fizemos uma discussão no Conselho Municipal de Saúde e criamos pontos estratégicos que ajudava a diminuir a distância de acesso a essa linha de ônibus. Temos um ponto na saída do bairro São Cristóvão, na Rodoviária de Ouro Preto, no Terminal Barão de Camargos, Praça da Estação, no bairro Bauxita, na UPA e na Cooperouro. Quando definimos pontos estratégicos foi para otimizar o tempo para conseguir chegar a Belo Horizonte a tempo da pessoa tomar um café da manhã na casa de apoio e se deslocar para a sua área de atendimento”, enfatizou.
Ele também explicou o funcionamento e a logística do transporte: “Mandamos para Belo Horizonte dois micro-ônibus com 26 lugares, além dos veículos menores, fica inviável ir a todos os domicílios. Para conseguir chegar na casa de apoio, em Belo Horizonte, às 6 horas da manhã, esse micro-ônibus precisa sair às 4h15 da manhã, de Ouro Preto. Se buscarmos as vinte e seis pessoas em domicílio, teremos que sair com a população às 2h da manhã”, concluiu o secretário.