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Projeto TAMPART transforma arte e consciência ambiental em movimento coletivo na Escola Padre Afonso de Lemos

Projeto TAMPART transforma arte e consciência ambiental em movimento coletivo na Escola Padre Afonso de Lemos

Bira posa em frente ao painel que ainda está em desenvolvimento / Imagem: Victória Oliveira / Victória Oliveira

Os alunos da Escola Estadual Padre Afonso de Lemos, em Cachoeira do Campo, seguem avançando na conclusão do Projeto TAMPART, desenvolvido com o artista Ubiratan Fernandes, o Bira, e coordenado pela professora Vanessa Teodoro.

As sementes dessa ideia começaram a ser plantadas ainda em 2024, quando surgiram as primeiras conversas sobre conscientização ambiental. Em maio de 2025, a muda cresceu e ganhou forma: Bira visitou a escola pela primeira vez e iniciou, junto aos estudantes, diversas ações, com destaque para a criação de um painel artístico feito com tampinhas plásticas, com o tema “Planeta Terra, nossa casa”.

Imagem: Vanessa Teodoro

Desde então, a coleta e separação das tampinhas envolveram toda a comunidade escolar. O TAMPART se tornou o projeto do ano, inspirando ações criativas. As turmas produziram placas indicativas com tampinhas, propuseram um desfile de moda sustentável com roupas feitas a partir de materiais recicláveis, revitalizaram a parede da horta comunitária com pintura artística, entre outros.

Os alunos também criaram o mascote para uma campanha de coleta seletiva que vai acontecer em Cachoeira do Campo. Durante o concurso, com cerca de 400 estudantes envolvidos, foram apresentadas propostas inspiradas em animais e elementos históricos brasileiros, mas o grande vencedor foi o simpático Zé Tampinha, criado pelo aluno Lucas Bohrer.

Montagem jovens que integram o coletivo/ Vencedor do Concurso de Mascotes. Imagem: Vanessa Teodoro

Um painel que floresce com a primavera

Neste mês, um grande painel artístico está sendo produzido em todo o muro externo da escola. Bira retornou à escola e, ao longo de mais de uma semana, tem trabalhado junto aos alunos e voluntários na montagem da obra. O painel chamado “A Onda Barroca” foi criado pelo artista, inspirado na arte local e nos trabalhos feitos durante o concurso da mascote. O processo minucioso inclui desde o preparo da argamassa até a colagem das tampas.

As tampinhas utilizadas foram recolhidas com o apoio do Comércio de Resíduos Cachoeira, a ACARV (Associação de Catadores Alto Rio das Velhas), a Associação de Catadores do Padre Faria, e a CAMAR (Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Mariana) e de toda a comunidade. Foram mais de 200 mil tampinhas reunidas.

Um dos momentos mais marcantes foi a participação de dona Vanda Xavier Gonçalves, mãe da professora Vanessa, de 97 anos. Ex-professora da escola e responsável pela implantação do curso superior na instituição, ela ajudou a colar tampinhas e se emocionou ao ver a continuidade do legado educacional. “Esse trabalho foi um achado de Deus. A gente jamais imaginou essa possibilidade. A Vanessa, com clareza, estudo e dedicação às crianças e aos adultos, se inspirou muito também”, contou dona Vanda.

Ciência, arte, parcerias e protagonismo estudantil

O impacto do TAMPART ultrapassou os muros da escola. Após participar da Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, os alunos criaram o Coletivo COM-VIDA, formado por representantes de todas as turmas, que seguem propondo ações e produzindo textos científicos sobre o projeto. Nesta quinta-feira (09), os alunos Aline Bohrer, Kauã Ferreira e Gustavo Viana apresentaram na 26ª UFMG Jovem o trabalho “Projeto TAMPART e a criação do Mascote da Campanha de Coleta Seletiva”, compartilhando resultados e aprendizados.

Outros desdobramentos também ganharam reconhecimento: a construção de puffs com garrafas PET e a criação de um ecoponto foram aprovadas para a 13ªFeira Brasileira de Trabalhos de Iniciação Científica da Educação Básica e Técnica (FEBRAT), que acontece no fim do mês. As pesquisas, feitas por alunos do ensino médio, reforçam o elo entre ciência, sustentabilidade e arte.

Montagem Vanessa e família participando do painel/ bolsistas estudantes de Metalurgia na UFOP/ alunos do Ensino Fundamental que apresentaram resumo na UFMG nesta quinta-feira. Imagem: Victória Oliveira

O TAMPART também consolidou parcerias importantes. A escola mantém cooperação com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), por meio do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (DEMET), no projeto “TAMPART e Engenharia Metalúrgica: conectando seleção de materiais, sustentabilidade, educação e arte”, orientado pela professora Nayara Aparecida Neres da Silva e custeado pela Fundação Gorceix.

O projeto também conta com apoio da Prefeitura de Ouro Preto, do Restaurante Bandeirantes e da APAOP (Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto), que fortalece as ações ambientais e educativas da escola.

Arte, natureza e futuro

Para o artista Bira, o TAMPART é um movimento que vai além da arte. “A ideia do projeto, além de resgatar os valores da floresta e da natureza da região, é fazer com que as crianças e a comunidade olhem para a escola com novos olhos. Tudo começou com uma dúvida simples, de como usar tampinhas para fazer arte, e se transformou em um grande movimento”, afirmou.

Ele também destacou a importância da reflexão ambiental diante dos desafios da mineração na região. “É essencial entender até onde ela pode avançar sem degradar o meio ambiente”, acredita o artista.

O projeto, iniciado em 2024, segue ativo em 2025 e já tem planos para o próximo ano. O compromisso é a continuidade de um ciclo que une arte, sustentabilidade e comunidade. Das pequenas tampinhas às grandes transformações, o TAMPART mostra que quando a escola e a coletividade se unem, a educação floresce e o planeta agradece.

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