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Falta de liberação de recursos ameaça atuação de ATI em áreas atingidas de Mariana

Falta de liberação de recursos ameaça atuação de ATI em áreas atingidas de Mariana

Ato no território de origem de Bento Rodrigues em 2024. Imagem: Amanda de Paula Almeida

Por: Amanda de Paula Almeida

A Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais iniciou no dia 30 de abril o processo de desmobilização de sua equipe por falta de recursos financeiros. A entidade é responsável pela execução do projeto de Assessoria Técnica Independente (ATI) nos territórios atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, desde 2016. No entanto, há tempos a atuação da ATI está ameaçada por disputas judiciais que colocam em risco a continuidade de seu trabalho.

A Cáritas foi a primeira ATI em Mariana e tinha como objetivo assegurar a simetria técnica aos atingidos pela Barragem de Fundão, contando com uma rede de profissionais capacitados que fazem a leitura dos argumentos da extinta Fundação Renova, promovendo orientação aos atingidos. No primeiro acordo com a Renova, a Cáritas atuaria até 2019. Após esse prazo, foi feita uma nova negociação que ampliou o contrato até 2024 com repasse anual. Porém, em 2022, a Renova negou-se a transferir os recursos financeiros, levando o caso a audiências de conciliação. Posteriormente, a Justiça Federal determinou que o acordo deveria ser firmado exclusivamente entre a Renova e a ATI.

Situação da ATI

Há mais de um ano, a ATI das comunidades atingidas por Mariana atua em caráter emergencial e com recursos limitados, operando com uma equipe reduzida de profissionais. Essa situação de precariedade surge justamente quando aumentam as demandas da nova fase de reparação, após a homologação do Acordo de Repactuação. Em documento oficial, a Cáritas explica que foram realizados diversos encaminhamentos formais ao Poder Público e participações em reuniões com autoridades federais para garantir a continuidade da assessoria técnica:

“A Cáritas enviou nos últimos meses documentos oficiais a diferentes órgãos, incluindo Ministérios do Governo Federal e instituições de fiscalização, contextualizando sobre o cenário, solicitando providências emergenciais e propondo alternativas de financiamento para garantir a permanência da ATI no território. Além disso, participou de uma série de reuniões com representantes do Governo Federal e do sistema de justiça, algumas presenciais no território atingido”, diz a nota.

Durante essas reuniões, representantes das comunidades ao longo do rio Gualaxo do Norte estiveram presentes reforçando a importância da permanência da assessoria técnica, que é um direito federal de populações atingidas por barragens. Entretanto, apesar da mobilização, até o momento não houve sinalização concreta sobre a contratação e liberação de recursos por parte do Governo Federal: “E caso não haja resposta imediata, a Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais será forçada a encerrar as atividades no território, colocando em risco o processo de reparação e a garantia de direitos fundamentais das famílias atingidas”, afirma ATI.

Por fim, a ATI reafirmou seu compromisso com a luta das pessoas atingidas e sua disposição para colaborar com os órgãos públicos na construção de uma solução imediata e duradoura para o problema e apontou que ainda há esperanças que a União acate o Procedimento Administrativo de acompanhamento de TAC no 1.22.000.000354/2025-06 no 11/2025, de 15 de abril de 2025 do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública da União, que orienta a adoção de medidas para evitar a paralisação da assessoria técnica.

Manifestação aos 9 anos do rompimento da barragem de Fundão. Imagem: Amanda de Paula Almeida

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