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Uso ético das Internet em discussão no mundo

Por Mauro Werkema

Está em discussão em todo o mundo a extraordinária evolução das tecnologias da informação e o seu bom e o mal uso. Não há dúvida de que a Internet impacta a vida contemporânea, não só das pessoas como das instituições empresariais, governos e particularmente os veículos de comunicação social e de difusão de informações. Na Europa se discute há três anos um marco regulatório civil da Internet, matéria complexa e de difícil disciplinamento porque resvala para os direitos humanos sempre alegados e justificados em várias circunstâncias, quando se trata de limitar abusos, divulgação  de inverdades, as famosas fake-news.

A propagação de mentiras, ou meias verdades, ou a difusão de versões com interesses escusos, tornou-se um meio de luta política, que extrapola o campo político-eleitoral para atuar, nos nossos dias, no campo comercial, para o bem e para o mal, tornando difícil, em muitos casos, a confiabilidade de notícias, postagens, análises críticas. Com sua livre manifestação, o fato é que a internet aceita qualquer postagem e fica difícil, quase sempre, separar a verdade da falsidade.

Esta é uma grave questão da modernidade tecnológica e que atinge a todos, letrados e não letrados, bem-informados ou não, com a propagação de versões maléficas, protegidas pelo anonimato do veículo que pode esconder seu autor. E que passou, na esfera política, a ser instrumento de luta, ao arrepio das legislações e das tentativas de controle e mesmo de punição. Nos atentados contra o Capitólio, em  Washington, e de Brasília, no último dia 8,  por turbas dominadas por divulgações tendenciosas, são os exemplos mais dramáticos dos tempos atuais.

O mais grave desta situação, apontam os estudiosos da questão, é que as chamadas mídias sociais, o uso perverso da Internet, é a maior  mídia, no Brasil e outros países. Seu alcance é muito maior, e sem limites, do que a mídia impressa e a radiofônica. E o debate democrático, que comporta  a exposição de ideias, respeitado o critério da verdade e da ética , fica suplantado e reduzido.

A Internet, com seu aspecto de veracidade, seu poder de propagação, vem criando graves distorções, na política, na religião, no campo da cultura e, pode-se dizer, em tudo da vida contemporânea. E cria uma horda de desinformados, alguns fanáticos, que vivem devaneios, delírios e ilusões.  Tornou-se arma poderosa de lutas políticas. Esperamos que seja possível um marco civil para a Internet, em padrões democráticos  e civilizados  indispensáveis paras uma nova ordem em que as verdades prevaleçam. Esta é uma conquista essencial para o processo civilizatório, político, informativo e cultural. 

mwerkema@uol.com.br

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