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Carta aos Tempos
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Radicalização ideológica dá ao Brasil um novo quadro político

Mauro Werkema

As consequências e desdobramentos dos ataques ao Supremo Tribunal Federal, ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional dominarão por longo tempo os debates sobre a situação política, eleitoral e governamental brasileira. A gravidade e o inusitado dos acontecimentos justificam e despertam imenso interesse da opinião pública que, majoritariamente, exige apuração rigorosa de responsabilidades dos terroristas invasores, seus líderes, mandantes, instigadores e financiadores. Muito além do golpismo, que expressa a insatisfação com o resultado eleitoral, os ataques aos poderes constituídos em Brasília revelam claramente uma nova configuração ideológica no Brasil, mais militante e organizada, entre direita e esquerda e seus diversos matizes. Os desdobramentos e suas consequências só o tempo nos mostrará.

Há elevado consenso, demonstrado pela opinião pública consultada, sobre a imperiosa necessidade de identificação de responsáveis e sua exemplar penalização. A gravidade dos fatos, seu vandalismo fartamente documentado, o grau de agressividade e os crimes destrutivos do patrimônio público, o golpismo declarado, precisam ser amplamente revelados e os responsáveis devem sofrer as consequências legais, de maneira a coibir novas ocorrências. A democracia brasileira precisa ser fortalecida e defendida, pelo respeito a Carta Magna, às instituições de governo e à prática política e partidária em parâmetros civilizados. E com pleno respeito ao estado democrático de direito. Sem isto, será a barbárie e o vandalismo, que o ocorrido no último dia 8 deste mês nos mostrou, quando o radicalismo político-ideológico imperou. 

Há omissões e irresponsabilidades a serem apuradas, e que precisam ser apontadas, do governo do Distrito Federal, da Polícia Militar do DF, dos órgãos de inteligência, de setores do próprio Exército, responsável pela guarda do Palácio do Planalto, onde trabalha o presidente da República. Não é possível que haja impunidade ou fingimento de que não tivemos ações planejadas, radicalizadas, claramente bolsonaristas, que omitiram-se ao não realizar o desmonte das concentrações em frente aos quartéis, e que não atuaram na Esplanada dos Ministérios na contenção da turba agressiva, vinda de diversos pontos do país, situação que foi anunciada e conhecida. É essencial a criminalização dos responsáveis, não só os executores mas também financiadores e instigadores, em todos os níveis e processos.

A ferocidade dos vândalos, a agressividade com que invadiram os edifícios governamentais, sua ação destrutiva de obras de arte e mobiliários, revelam um estado emocional dos agressores resultado de intensa pregação ideológica, via Internet, fake-news, profusamente e intensamente divulgadas, com complacências de autoridades, inclusive o ex-presidente da República, que não aceitou o resultado eleitoral e, diversas vezes, em diferentes ocasiões, pregou e estimulou ações golpistas. É preciso que o braço forte da lei alcance os culpados.

E esperamos, finalmente, que o governo alcance, em breve tempo, a normalidade necessária à tarefa de governar, enfrentando os inúmeros e complexos problemas brasileiros. O Brasil tem tudo para ser uma grande nação, próspera, mais rica, com redução das gritantes desigualdades sociais, retomando a normalidade administrativa. É preciso termos crescimento econômico, apoiar a educação, a ciência, a saúde, a eliminação da pobreza absoluta, a oferta de moradias, a contenção da destruição da Amazônia e muito mais. E o Brasil contará com apoio internacional para recuperar o tempo perdido e colocar-se no caminho do crescimento acelerado.

maurowerkema@gmail.com 

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