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Carta aos Tempos
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Para onde caminha o Brasil?

Nada é tão ruim que não possa piorar. A frase, obviamente pessimista é, no entanto, também realista. E domina as conversas dos cidadãos brasileiros naturalmente preocupados com a realidade que todos vivenciamos, em que as notícias, previsões, análises, coincidem em prever tempos difíceis, cuja superação parece que não só vai demorar como também exigirá esforços maiores, ações mais eficazes, convergência de vontades e iniciativas. Infelizmente, e independentemente de posições políticas ou ideológicas, esta é a trágica situação do Brasil. Mas, as dificuldades do momento, não podem deixar de ser discutidas e enfrentadas, com espírito público e visão solidária.

A rigor, não podemos ter previsões mais seguras sobre questões urgentes e fundamentais para a recuperação brasileira: não sabemos quando teremos a “imunidade de rebanho”, ou seja, a maioria vacinada irá evitar a propagação da epidemia; não sabemos quando não teremos que fechar o comércio, as empresas, os serviços públicos, salvando empregos e salários; não sabemos quando retornarão as escolas e a educação das crianças e adolescentes; não é possível saber como ficarão as contas públicas, as dívidas e o déficit público, da União, Estados e Municípios, obrigados a gastar muito com a epidemia; e, o que é indagação essencial, quando teremos uma classe política verdadeiramente dedicada a discutir e enfrentar as questões essenciais da nação brasileira.

Indaga-se ainda: É possível pensar o Brasil além da epidemia e como e quanto poderá retornar às atividades normais? Mas, e fundamentalmente, irá aprender as lições do dramático período que vivemos, de retrocesso em vários ramos da vida nacional, permitindo que alcancemos novo período de prosperidade, de crescimento econômico, de expansão empresarial, de pleno emprego, de absoluto respeito ao meio ambiente, o retorno dos investimentos à educação, à prevenção da saúde, à ciência e à tecnologia, à vida acadêmica e à educação superior, ao convívio internacional produtivo e respeitoso?

É possível, no horizonte atual, pensarmos em reforma política, em reforma da vida partidária, em reforma administrativa, corrigindo privilégios de determinadas carreiras públicas, entre outras reformas capazes de fazer o Brasil crescer, de maneira harmônica e compatível com a riqueza de seu imenso território, seu risco subsolo, a imensidão de suas águas e outros recursos naturais? E seria possível reduzirmos as injustiças sociais, as terríveis desigualdades, fazendo com os brasileiros não tenham misérias extremas e possam ter moradia digna, saúde assistencial eficaz e universal, investindo em educação civilizatória de toda uma geração, emprego e renda condizentes com uma nação civilizada e mais próspera?

O momento que vivemos, infelizmente, nos sinaliza maiores dificuldades, além da epidemia. O Brasil precisa encontrar maturidade política, com suas casas legislativas trabalhando para encaminhar soluções, com o Poder Judiciário cumprindo seu papel essencial de reparar injustiças e assegurar o estado democrático de direito. Para isto, precisamos ter dirigentes e representantes políticos comprometidos com a sociedade e não cuidando de si próprios e a manutenção de privilégios.

Enfim, são questões que atormentam hoje a todos os brasileiros que se preocupam com o futuro, com a ordem econômica e social, com a manutenção de uma qualidade mínima de vida e que, infelizmente, assistem um quadro de falta de rumos, de perspectiva, de diálogos produtivos, de boa vontade, de convergência para a busca de caminhos e soluções em prol de todos e do Brasil. 

*Jornalista (mauro.werkema@gmail.com)

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