Por Mauro Werkema
Muitas, urgentes e graves são as questões que o Brasil precisa enfrentar para encontrar um caminho da plena normalidade e retomada do tão desejado crescimento econômico. O primeiro, e mais necessário, é reduzir ou apagar o ódio, a intolerância, o confronto e a beligerância disseminada hoje entre os brasileiros, tidos historicamente como tolerantes, cordiais, conviventes. O ódio, ideológico, racial e de classes sociais tornou-se traço sociológico grave, com vários contornos e conflitos, fazendo com que uma espécie de pacificação nacional se torne uma tarefa urgente para a retomada do diálogo, da busca de consensos mínimos capazes de permitir maiores cooperações, compreensões, adesões e busca de caminhos comuns.
Mas além disto são muitos os problemas a exigir do governo atual atenção e ações. Citemos alguns: retomada do crescimento econômico sem o que não é possível reduzir as desigualdades sociais, eliminar a fome crônica; geração de emprego, trabalho e renda, incorporando milhares de brasileiros ao mercado de consumo; incentivar o crescimento de empresas e, especialmente, das indústrias, o que é urgente, possível e necessário para um país como o Brasil, com inúmeras oportunidades de investimento inexploradas.
E mais: é preciso conter, de imediato, a destruição da Amazônia, conter o desmatamento grave e criminosos dos últimos anos; proteger os povos indígenas e seus territórios dos invasores, criminosos, não só garimpeiros ilegais mas exploradores da madeira; encontrar meios de novas atividades econômicas na região, sem agressão ao meio ambiente à vida dos povos originários; expandir a cooperação internacional desde que respeitadora da legislação brasileira e a soberania nacional. Encontrar caminhos novos de diálogo, cooperação e trabalho conjunto com as Forças Armadas.
Mas há ainda muitos outros desafios que se apresentam ao futuro próximo brasileiro: retomar os padrões civilizatórios e de gestão nas áreas da saúde pública, da vacinação e no fortalecimento do SUS; retomar a normalidade institucional e operacional da educação no Brasil, especialmente no ensino superior, bastante sacrificado nos últimos anos; retomar a pesquisa e a produção científica e tecnológica, também quase paralisada; retomar os incentivos à produção e difusão cultural e artística, setores considerados pelo governo federal passado como inimigos. Importante também recuperar o prestígio internacional, buscando novas fórmulas de cooperação internacional e maior intercâmbio com países amigos, nos diversos campos da atividade humana.
Temos, portanto, uma imensa pauta, urgente, indispensável, civilizatória e progressista, mas que, para ser plenamente construída, precisa de cooperação, diálogo, convivência, sem ódios, eliminando autoritarismos, agressividades, tendências golpistas e terroristas. E avançando nas relações humanas, na eliminação dos racismos, das hemofobias, dos feminicídios, na convivência humana ampla com os diferentes e os mais pobres, sem o que não é possível construir um novo humanismo, aberto, democrático, tolerante e convivente. Precisamos de cidadãos de boa vontade.
Esta são algumas pautas, entre muitas outras também importantes, que afligem o Brasil neste dramático momento de 2023.Os inúmeros retrocessos, desmontes, agressões, privilégios, desgovernos, intolerâncias, precisam ser removidas, como condição primária para a construção de um novo tempo. O Brasil não pode mais perder tempo em condutas estéreis, danosas à democracia e à república. Temos presa pois muitos ainda são os brasileiros que precisam ser incorporados ao mercado de trabalho e alcançar condições melhores de vida.
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