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O retorno da ferrovia como solução para a Br-356 e o seu pré-colapso

Por Mauro Werkema

 O retorno da ferrovia ligando BH a Rio Acima, Itabirito, Ouro Preto e Mariana, da antiga Rede Ferroviária Nacional, extinta em 1986, é lembrado como solução para o transporte de passageiros e de cargas, especialmente minério de ferro, da Br-356, a Rodovia dos Inconfidentes, em situação de pré-colapso. O excesso de veículos na principal estrada turística de Minas Gerais e, especialmente, pela presença inadequada e perigosa de caminhões que transportam minério de ferro, em situação abusiva e já condenada pelo próprio DNIT e Prefeituras, está exigindo uma solução para a situação de pré-colaposo, que tende a piorar ainda mais, a curto prazo.

Rodovia antiga, construída em 1952, por Juscelino Kubistchek, em substituição ao trecho que passava por Nova Lima e Rio Acima, apresenta nos último dois anos um excepcional fluxo de veículos, tornando seu trânsito lento e perigoso e já causando preocupante ocorrência de acidentes, com perda de vidas. Com leito estreito, montanhoso pela Serra do Itabirito, com curvas fechadas, sem acostamento em sua maior extensão, a Br-356, Rodovia dos Inconfidentes, já motivou reunião dos prefeitos das cidades que atende, solicitando várias intervenções, mas até agora sem nenhuma providência que pudesse, pelo menos, orientar e disciplinar seu uso.

A antiga ferrovia saía de BH e passava por General Carneiro (Sabará), Nova Lima, Honório Bicalho, Rio Acima, Itabirito, Miguel Burnier, Engenheiro Correia, Rodrigo Silva, Mariana e Ponte Nova e mais de 25 distritos. São cidades de grande porte em região intensamente povoada. O congestionamento da rodovia agravou-se neste ano com a extraordinária presença de caminhões de minério, pesados e lentos, em clara conduta abusiva pelas características da estrada, seu leito e piso e o elevado número de veículos das mineradoras. E estes veículos têm causado a maioria dos acidentes, além de uma lentidão excessiva.

O DNIT já foi provocado várias vezes, conhece a rodovia e suas condições, sabe dos abusos e da situação de perigo e o uso inadequado. Sabe das dificuldades da realização de obras de retificação. Os prefeitos se reuniram há poucos dias em Itabirito e fizerem novas denúncias e apelos em busca de soluções. Há plena consciência de que é obra onerosa, complexa e demorada, mas nem uma melhor orientação, por placas e avisos, se conseguiu. E os absurdos continuam. Um desvio feito pela Vale aumentou a demora do percurso e permanece inexplicável nas suas razões e orientações aos usuários. O trânsito circundante ao Posto Policial, no alto da Serra de Itabirito, tornou-se principal ponto de estrangulamento da rodovia congestionada.

A Assembleia Legislativa, através de comissão especial criada para estudar o retorno das ferrovias em Minas, recomendou a retomada da antiga linha, que atenderia a passageiros e transporte de cargas, demandas existentes capazes de viabilizar o investimento. A Associação dos Municípios Mineradores sugeriu, este ano, a implantação de uma estrada exclusiva para o transporte de minério e até indicou o traçado. As mineradoras têm recursos para sua implantação. O surgimento, este ano, de nova mineradora, em Acuruí, agravou ainda mais o transporte de minério por caminhões pesados, de até 50 toneladas. E praticamente privatizou o trecho da Br-356 a Acuruí. 

O leito da antiga ferrovia permanece íntegro em quase toda a sua extensão, exceção da travessia urbana de Itabirito, o que reduziria o investimento. A Agência Metropolitana da Grande BH, órgão do Governo do Estado, elaborou planejamento completo sobre o retorno da ferrovia, inclusive sobre seu aproveitamento econômico e o uso de passageiros, inclusive pelo turismo. E a região, para agravar ainda mais a situação da Br-356, a presenta um explosivo crescimento demográfico, por seus atrativos turísticos e naturais, com novos condomínios e elevado crescimento urbano e da área rural. Enfim, a questão é grave, urgente e demanda soluções ou, pelo menos, o encaminhamento de alternativas que possam reduzir acidentes e normalizar o trânsito enquanto se buscam soluções duradouras. E é oportuno lembrar que também a Br-040, no trecho de BH até a interseção com a Br-356, já apresenta excessivo volume de trânsito.

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