Mauro Werkema
Estamos no limiar de uma nova geopolítica mundial ou vivemos apenas uma fase de transição e de um mero extremismo meio rocambolesco com o Trump nos EUA? E de outros extremos como o genocídio em Gaza, Síria e Líbano e a guerra /Rússia-Ucrânia. E, em meio a tudo isto, e até com maior gravidade e urgência, avança a crise climática, que pode reduzir a vida na Terra, como já demonstram catástrofes em várias partes do mundo e no Brasil. E sem que os países consigam cumprir o Acordo de Paris, que fixou metas objetivas e internacionais para conter a escalada da crise climática. São perguntas que fazem e atormentam o cidadão comum, mas atento às novas realidades mundiais que, a cada dia, surpreendem e preocupam, sobretudo porque o diálogo internacional, de paz e diálogo, função principal da ONU, parece cada vez mais difícil.
E, em meio a tudo isto, persiste o “discurso do ódio”, da polaridade ideológica, que se sustenta no radicalismo ideológico, de que o Brasil e vítima e exemplo. E que paralisa, ou reduz a atuação, de governos e os poderes do tradicional modelo republicano e democrático. Nesta seara surpreende as novas posturas dos EUA, sob o governo Trump, que ameaça o mundo e a ordem econômica com suas novas e pesadas tarifas, mas que passa também a ameaças políticas, com clara e radical interferência nas soberanias nacionais, como é o caso do Brasil.
O presidente americano se comporta como dono ou imperador do mundo e seus objetivos suscitam debates e perplexidades. Indaga-se: os EUA entram em um ciclo de declínio ou apenas tentam recuperar seu domínio imperialista em um novo mundo em que nações se reorganizam, como é o caso dos Brics, adquirem novas expressões econômicas e posições políticas e de autonomia? E como se comportarão, neste novo xadrez mundial, nações como a China, a Rússia, a União Europeia, os países emergentes da Ásia? Um novo pragmatismo estará em curso no mundo em substituição aos conflitos ideológicos nesta nova fase de uma “guerra fria” do período pós segunda-guerra mundial?
Neste cenário, a almejada globalização, sustentada por uma cooperação internacional, e movida por ideais humanistas e sustentada pela extraordinária evolução da Internet e comunicação mundial, estaria fracassando? Nações, como os EUA, parecem disputar uma nova hegemonia, com a retomada de domínios agora sob a imposição de tarifas ao comércio internacional e até desrespeito a soberanias nacionais. Parece renascer a guerra fria, superada há bastante anos após a redução das tentativas de poder através da corrida armamentista, a queda do Muro de Berlim, o fim da União Soviética, o surgimento de instituições de governança global, a criação da União Europeia e sua moda única, como a ONU, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a Organização Internacional do Comércio?
Donald Trump e sua “Maga”, que impõe como lema de suas ações, para fazer os EUA poderosos outra vez, assustam o mundo e o Brasil e a conduta de todos permanece incerta e difícil. E o Brasil, que já se vê num conflito complexo, com um Congresso opositor e divido por lutas ideológicas, como também um Poder Judiciário impositivo, mas que supre a falta de iniciativas do Poder Legislativo, como conseguirá um tempo de maior paz, diálogo, produtividade e ações objetivas e vitoriosas no combate às desigualdades sociais?
Enfim, novos tempos, novos desafios, que até agora não permitem luzes esclarecedoras. Conflitos novos, novos paradigmas nas lutas ideológicas e pelo poder e que, no caso brasileiro, tem nas eleições de 2026 um momento decisivo, mas só agrava o conflito e as disputas. Este é, em resumo, um cenário um cenário complexo e aflitivo e que não permite, no momento, antever caminhos e soluções que possam conduzir a um novo tempo de paz e prosperidade.