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Carta aos Tempos
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O diálogo político precisa estar em defesa do país

Mauro Werkema

As turbulências do mundo contemporâneo se juntam às brasileiras e justificam as apreensões e incertezas quanto ao futuro. Pelo menos não estamos envolvidos em nenhuma guerra. Evitamos uma tentativa de perpetuação do poder com um golpe frustrado no seu próprio nascedouro. Retornamos a uma normalidade democrática com as instituições abertas e funcionando, mas com as limitações impostas pela luta política e ideológica que distingue e marca o debate político brasileiro e impede avanços, mesmo aqueles de obvia necessidade para o bem do país e de todos. O empoderamento do Congresso Nacional representa um novo componente na vida pública brasileira na medida em que a polarização ideológica transforma em luta política questões e iniciativas que são importantes e necessárias, seja as que tem origem no Poder Executivo ou em iniciativa dos próprios parlamentares. E travam a pauta no Congresso.

Assistimos a paralisação de vários projetos ou iniciativas importantes, mas outras nem tanto, mas também matérias que necessitam de solução e que suscitam debates: a regulamentação da Internet e das mídias sociais, a complementação da reforma fiscal e o déficit zero para as contas públicas, benefícios e isenções tributárias, a demarcação de terras indígenas limitada à Constituição de 1988, os limites do uso e do porte da maconha, nova lei da reforma agrária, reforma do ensino médio, veto a “saidinhas” de presidiários, mais subsídios para parlamentares distribuírem e que hoje são um escândalo nacional, legislação trabalhista para trabalhadores de aplicativos. E muitos outros temas, de maior ou menor importância, mas que travam decisões.

Temos bons indicadores sociais e econômicos que mostram que o Brasil está avançando e que a retomada do crescimento pode ser efetiva e em menor tempo. Cresce a oferta de emprego, aumenta o investimento nacional e estrangeiro, a inflação se mantém na meta, a taxa de juros reduziu-se a 10,75% e já estimula negócios, aumentou o investimento público em programas básicos de estímulo à infra-estrutura, o PAC está lançado e dá seus primeiros passos, a pauta de exportações brasileiras, sustentada pelo agronegócio, é extraordinária. A gestão financeira pública trabalha para um déficit fiscal zero em 2025.

Mas persistem problemas crônicos: a questão do desmatamento da Amazônica, a grave, preocupante e surpreendente ameaça da mudança ambiental que provoca enchentes, mata e desabriga populações, a proteção aos indígenas com suas terras invadidas, o crime organizado que aflige vários Estados e cidade, especialmente no Rio de Janeiro, a desigualdade social que no Brasil é cruel e dramática, a existência de populações ainda em situação precária, na saúde e na fome, os pesados desequilíbrios financeiros e elevadas dívidas dos Estados, com destaque para Minas Gerais, os muitos desvios éticos da própria gestão pública em vários níveis.

Mas o Brasil evolui como pode e seu destino histórico permite. E, com a estabilidade política, que todos desejamos, é possível pensar e novos tempos. A vocação democrática do povo brasileiro é seu principal patrimônio na condução de uma ordem política que permitia ao país um novo tempo de prosperidade, de redução de desigualdades, de maior acesso dos mais pobres aos bens da civilização, na educação, saúde, emprego, moradia, emprego e trabalho. E que haja verdadeira e patriótica colaboração entre os poderes republicanos, Executivo, Legislativo e Judiciário, em prol do Brasil. 

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