Por Mauro Werkema
Passados o Carnaval e a Semana Santa o Brasil pode começar a trabalhar pelo crescimento econômico. O país precisa criar empregos, produzir trabalho e aumentar a renda do brasileiro, reduzir a cruel estatística de 30 milhões de pessoas passando fome e a desumana desigualdade social. Não há outro caminho senão o desenvolvimento, aproveitando as imensas potencialidades nacionais e as inúmeras oportunidades de investimentos em todos os ramos da economia nacional. A retomada do crescimento é uma imperiosa necessidade e que encontra apoio internacional até nas parcerias internacionais, como demonstram as últimas viagens do presidente da República à China, aos Emirados Árabes e a Portugal.
E está lançado o Arcabouço Fiscal, que precede a reforma tributária, sobre os quais já se travou imensa discussão e que, inequivocamente, são mais do que necessários para criação de um clima de crescimento econômico. A classe política brasileira precisa ter esta visão, moderna, futurista, patriota, construtiva e absolutamente indispensável, encontrando caminhos para um diálogo mínimo que permita a reconstrução das bases para uma nova política econômica. Mas, infelizmente, o que vemos é a disputa ideológica, quase sempre cega e radical, destrutiva e paralisante. Esta é a realidade nacional no momento.
Não há, portanto, apelo mais importante a todos os brasileiros verdadeiramente patriotas. Os discursos do ódio, a irracionalidade de determinadas posições e debates, a propagação de versões até irracionais, o primarismo de certas posições, paralisam e engessam o debate nacional, que se torna destrutivo e não avança, sem conseguir deixar os limites do debate estéril. Não queremos dizer que a oposição deve silenciar-se ou que o governo não deve ouvir suas vozes adversárias. Mas, acima de tudo, deve prevalecer o interesse maior do Brasil e do seu povo, que é avançar para dias melhores, de trabalho, emprego, renda, justiça social.
Esta CPMI sobre o 8 de janeiro é estéril. Não levará a nada, conforme a majoritária opinião nacional. É o simples exercício da política do ódio, da oposição inconsequente, do jogo de versões criadas para tumultuar. Nada acrescentará além do que apuram a Polícia Federal, os vários inquéritos em andamento e o Supremo Tribunal Federal. Gastamos tempo, esforços inúteis, debates inconsequentes, em momento em que a discussão de políticas e programas econômicos são essenciais para o Brasil. O exercício da política sem visão de resultantes econômicas e sociais só paralisa o País, o engessa e asfixia.
Inúmeras são as questões para discutir: a inflação persistente, os juros altos que travam a economia, a crise na atividade industrial quase sem crescimento, o fraco desempenho do setor comercial e da prestação de serviços, essenciais na geração de empregos, o baixo crescimento do PIB, a necessidade de maiores investimentos na infra-estrutura econômica indispensável à retomada do crescimento econômico, o essencial investimento à educação, à ciência, ao ensino básico, à precária saúde de várias populações brasileiras, entre muitas outras carências crônicas.
O Brasil, dizem os estudiosos, tem tudo para concretizar um novo tempo de crescimento vigoroso, de reindustrialização, de beneficiar-se das riquezas de seus solo e subsolo, do seu povo criativo. São muitas as oportunidades de investimento, de incentivo a novos negócios, de expansões. Mas permanecem paralisados pelo debate estéril da politicagem menor, e se torna destrutiva e paralisante porque não ajuda a construir maiorias ou a apoiar propostas viáveis e necessárias, no Congresso Nacional e nos próprios governos. Esta é a realidade com que nos defrontamos a cada dia.
E esta realidade, danosa ao Brasil, ajuda consolidar privilégios diversos, da própria classe política, dos inúmeros incentivos que enfraquecem a arrecadação fiscal, as injustiças e impropriedades de um sistema fiscal atrasado e até injusto em várias aplicações, uma tributação que chega a ferir e impedir o crescimento empresarial, a falta de segurança jurídica em muitas situações e a inoperância de marcos legais para várias atividades, um sistema bancário que não quer correr riscos com os investimentos sociais, com juros elevados, a falta de estímulos à inovação empresarial e tecnológica. E muito mais
Não se trata de pessimismo. Trata-se de realidades, sobejamente conhecidas e apontadas. O Brasil, conforme farta literatura histórica e econômica existente, tem todo para dar certo, para construir um futuro melhor, mais justo, mais próspero, sustentável, com melhores oportunidades para todos, mais inclusivo, que reduza suas graves desigualdades sociais. Mas, infelizmente, a discussão política-ideológica não permite, ficamos no debate estéril, que nada constrói. Ao contrário, separa, impede consensos, esteriliza e paralisa, só propaga o ódio, as visões estreitas e destrutivas. Infelizmente é o que estamos vivendo em que propostas ou ideias construtivas são destruídas e combatidas a qualquer custo, em prejuízo do interesse nacional.
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