Por Mauro Werkema*
O Brasil completa este ano o bicentenário de sua Independência a partir do ato simbólico de 7 de setembro de 1822, praticado pelo então príncipe regente dom Pedro I. Dedicam-se, oportunamente, os institutos de estudos econômicos a realizar análises retrospectivas destes 200 anos do Brasil como nação independente, liberta dos laços colonialistas de Portugal. Estes estudos são fundamentais e, mais do que isto, imprescindíveis a que a população brasileira possa tomar consciência do que somos, para onde caminhamos, o que temos de possibilidades e potencialidades, como também de dificuldades e, desta análise, tentarmos traçar perspectivas de futuro próximo.
Estudo divulgado pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE diz que o Brasil, a partir da Independência, e por 160 aos, não passou de uma “nação emergente” no cenário internacional, mas apresentando vigoroso crescimento populacional. Por longo período dependíamos da mão de obra escrava e da cafeicultura. De 4,7 milhões de habitantes em 1822 passou para 121 milhões em 1980 e, hoje, tem 2010 milhões. Mas a questão mais grave é que o crescimento econômico, tímido nos primeiros 100 anos de Independência, e uma industrialização mais vigorosa nas décadas do século vinte, registra uma estagnação na contemporaneidade. Em resumo: o bicentenário ocorre em “contexto de estagnação”. Hoje, no ano do bicentenário, não há projetos de longo prazo, o investimento em infra-estrutura está muito abaixo da necessidade para suportar um novo ciclo de desenvolvimento, baixa inserção no comércio internacional, o investimento na ciência e na tecnologia é insuficiente, a educação está estacionada, o crescimento do PIB brasileiro não apresenta crescimento necessário à melhoria da qualidade de vida da população, a participação do Brasil na economia mundial é de apenas 2.4% e caímos, nos últimos anos, da sétima economia mundial para a décima-segunda posição.
País muito pobres, como a China e a índia, ate poucos anos, apresentam hoje progressos significativos. São países que não tem condições naturais tão ricas como o Brasil, de solo, de clima, de costa marítima. O que falta ao Brasil, então, é determinação, vontade, decisão, para o desenvolvimento. O conflito político, a falta de visão de futuro de dirigentes e empresários, entre muitas outras mazelas brasileiras, impede o crescimento. E o Brasil, infelizmente, concluem os estudos, paralisa-se.
O bicentenário coincide com eleições neste 2022. Duas oportunidades para um imprescindível debate sério, objetivo, verdadeiro, realista, sobre este nosso Brasil, tão rico e tão pobre, mas sem rumo, perdido no debate estéril que se limita as disputas de poder, mas sem debater o futuro e as possibilidades do Brasil neste mundo conturbado mas também com muitas oportunidades.
*mauro.werkema@gmail.com