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Carta aos Tempos
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O Brasil em debate: dúvidas e incertezas

Não há como, em todas as conversas, debates e discussões, fugir de um tema dominante: para onde caminham o Brasil, e as vidas de todos nós, neste ano de 2021? Os assuntos são recorrentes e já intensamente explorados mas persistem incertezas, divergências e opiniões extremadas, algumas por desinformação, outras por posições ideológicas e não muitas com base em análises e previsões objetivas decorrentes de boa formação econômica e política. Em meio aos assuntos em pauta na atualidade sobressai uma constatação que também a tudo condiciona: o veloz, amplo e surpreendente ritmo de mudanças em quase tudo, em um mundo cada vez mais globalizado e intercomunicado pela Internet e o avanço extraordinário das tecnologias de informação.

A epidemia é o assunto principal: quando teremos toda a população vacinada, este ano ou só em 2022? Quantos morrerão até lá? E as mutações genéticas que, segundo previsões já existentes, podem gerar vírus modificados com maior poder de transmissão e maior gravidade? E as mazelas dos governos, especialmente o federal, negacionista, que poderia ter decidido, em março do ano passado, produzir as vacinas no Brasil, pelo Butantan, Fiocruz/Manguinhos, Funed e por várias universidades, em cooperação internacional, conforme afirmam especialistas? Faltaram decisão, estímulo e apoio do Ministério da Saúde através de uma política consistente de pesquisa cientifica. E a falência empresarial, do comércio, do turismo, de vários ramos da indústria? E o aumento desumano de desempregados, de pobres e miseráveis, sem perspectivas mínimas de conseguir emprego e sustentação? Isto para ficar no mínimo.

E a governabilidade, representada pela eficácia de gestão pública de encontrar caminhos e soluções para os crônicos problemas que afligem todos nós? Será possível avançar a médio prazo? E as reformas essenciais para que o Brasil retome o desenvolvimento econômico gerador de trabalho e rendas? É possível pensarmos que, a curto prazo, serão feitas as reformas tributária, do serviço público e seus altos salários, as privatizações necessárias, a reforma política e tantas outras que impedem a evolução do Brasil? Em 2020 a queda do PIB esta por volta de 4,5% e o que se pode prever para 2021? É possível se falar em crescimento econômico e social sem o controle pleno da epidemia, que impede negócios, ofusca mercados, fecha empreendimentos?

O Brasil se libertará, a médio prazo, do viés ideológico que hoje deteriora as relações internacionais? E quando ocorrerá o retorno ao investimento na ciência, na pesquisa acadêmica, na evolução do ensino universitário, no avanço da genuína tecnologia brasileira em todos os campos em que se aplica? E no apoio à livre criação e expressão da Cultura? É possível esperamos, com plena confiança, que a classe política se colocará efetivamente a serviço da população e das transformações deste imenso e complexo Brasil? O “Centrão”, que agora realiza a sustentação parlamentar e política do governo federal, tem efetiva vocação para as reformas que, afinal, reduzem privilégios, empregos, tráfico de influência e outras mazelas que, afinal, constituem sua prática e seu modo de agir? Ou, apenas, se repete o que já vimos em muitos governos e que conhecemos muito bem?

Depois de tantas incertezas torna-se necessário esclarecer que não cabe o pessimismo imobilista, ou um absoluto ceticismo, perda de esperanças e desistências de atuar para transformações. O Brasil é rico por seu imenso território, seu rico subsolo, capaz de ser um grande celeiro do mundo por suas terras férteis, pelo avanço já obtido por sua agropecuária, por vários setores avançados de seu parque industrial, pela existência de universidades avançadas no ensino e pesquisa, pela criatividade do seu povo, pacífico e sem conflitos internos ou externos, sem divergências de fronteiras.

Vivemos tempos difíceis, sem dúvida. Mas transitórios, sentimento que também perpassa todos os diálogos e faz que a esperança se renove, porque o Brasil, afinal, possui as condições básicas para ser um grande país. Superada a pandemia, enfrentados os retrocessos, despertadas as energias para um novo tempo, é possível acreditar que, em tempo não muito longo, o Brasil retomará os caminhos de desenvolvimento com justiça social.

*Jornalista (mauro.werkema@gmail.com)

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