Mauro Werkema
Em um Brasil tomado por paixões políticas, e com diferentes leituras e visões dos processos governamentais, é importante lembrar alguns conceitos pertinentes. O desenvolvimento de um país passa por algumas diretrizes e relações complexas nas suas relações nesse mundo contemporâneo: relações da sociedade com a natureza; relações com os diversos segmentos que integram a nacionalidade; relações com os países e as trocas comerciais e de conhecimento; diálogo entre os integrantes das sociedades entre si para estabelecerem um mínimo de coesão nacional; relações produtivas entre os diversos segmentos econômicos e empresariais e cuidados com a educação, a ciência, a cultura e, fundamentalmente, com ações de redução de desigualdades sociais.
Vemos que o governo eleito procura retomar programas antigos de sucesso e que se justificam porque atendem os mais pobres e desvalidos. De resto, são compromissos de campanha e socialmente necessários. Procura-se retomar o crescimento econômico, o investimento e, por consequência, a criação de empregos sustentáveis. Mas, é importante para a viabilização destes programas que se realize uma reforma fiscal, com equilíbrio entre as contas públicas e as receitas e, igualmente importante, um “arcabouço fiscal”, em substituição ao teto de gastos, já desmoralizado.
É claro que uma sociedade viva, ativa, apresenta diferentes pontos de vida, na política, na ideologia, nas visões sobre política econômica e ações sociais. Basta ver o mundo atual, que assiste manifestações, protestos até guerra. Mas o Brasil não tem terremoto, vulcão, tisunames, vendavais. E tem muita terra fértil, com capacidade para duas safras anuais, oito mil km de costas marítimas e rico subsolo mineral. É forte no agronegócio e em vários setores industriais, possui universidades muito boas. E muito mais. No panorama internacionais são poucos os países com tamanha diversidade positiva mas que conseguiram avanços econômicos e na melhoria da qualidade de vida de suas populações.
E o Brasil? Os dados sociais são ruins: alto desemprego, fome, falta de saneamento básico, assistência à saúde ainda precária, descuidado criminoso com o meio ambiente, corrução endêmica, representação política com interesses próprios. E, sobretudo, com muita pobreza, nas periferias urbanas sobretudo, na extraordinária expansão das favelas, redutos da criminalidade e das milícias. Não pode o Brasil continuar com estas realidades, com o elevado número de desvalidos da sorte, pobres, desassistidos.
Então, é hora de um patriotismo verdadeiro, além dos conflitos de poder ou ideológicos, em favor do Brasil, este país rico pela natureza mas ainda muito pobre e não só socialmente mas, e sobretudo, por suas representações políticas. Ficamos livres de um regime autocrático, de um conservadorismo tosco e retrógrado e retomamos a democracia. Com esperança, determinação, paz e amor ao Brasil é possível avançarmos. Ou vamos nos perpetuar na paralisia política, econômica e social?
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