O ano novo se apresenta com muitas incertezas. Mas manter o otimismo de que é possível termos um ano melhor do que o finado 2020 é importante, senão essencial, ao enfrentamento dos muitos problemas que nos afligem. Afinal, o Brasil é um enorme País, com muitas riquezas naturais em seu imenso território, situa-se entre as dez maiores economias do mundo, entre outras vantagens, entre as quais a mais importante é sua população, que revela uma enorme diversidade humana mas criativa, trabalhadora e com um elevado sentimento de nacionalidade. Muito importante, e decisiva, é a constatação que os conflitos políticos, as crises econômicas, a pandemia, entre muitas outras consequências trazidas por tempos de mudanças e transformações em um mundo cada vez mais único e conectado, ampliou enormemente o conhecimento e consciência de todos de que a superação das dificuldades é possível e muito desejada. É enorme e unânime a esperança por dias melhores.
No plano mais imediato apresentam-se algumas questões graves: a primeira é vencer a epidemia, com vacina para todos, em tempo útil, como já ocorre com vários países, inclusive da América Latina; em segundo lugar é vencer o imobilismo econômico que impede a retomada do crescimento econômico, com a restauração do emprego e das oportunidades de trabalho, realizando as reformas necessárias, vencendo a estagnação e o imobilismo, com a retomada dos investimentos públicos e privados, reduzindo a desigualdade sociais agravadas pela epidemia e pelo imobilismo governamental. Ambas questões impactam todas as outras, essenciais a que todos nós voltemos à vida normal, deixando a reclusão domiciliar e a inoperância.
Ter esperança no Brasil de 2021 não é um otimismo ingênuo. A realidade vivida até nos levaria à incredulidade e mesmo a certo pessimismo, tamanho o somatório de problemas que 2021 terá que enfrentar. Vivemos embates e conflitos políticos que paralisam iniciativas, sentimos a falta de iniciativas governamentais realistas, objetivas e pragmáticas, vemos a falta de governabilidade que torna efetivo o resultado da intervenção pública, os orçamentos são escassos e insuficientes para as enormes demandas, a dívida pública é extraordinária, o déficit publico é asfixiante, os gritantes desníveis sociais agravaram-se nos últimos anos, é grave a falta de serviços públicos essenciais e acumulam-se as crises na educação, na saúde, na falta de moradias e amplia-se a carências de obras públicas para os mais pobres que ocupam as periferias urbanas.
Um olhar mais próximo, à Região dos Inconfidentes, pode nos mostrar condições que nos trazem um realista otimismo: cerca de 110 km, por rodovia asfaltada, ligam Belo Horizonte, capital do Estado, com área metropolitana que abriga perto de 5,5milhões de habitantes, a Itabirito, Ouro Preto e Mariana, onde são muitas as vocações, potencialidades e oportunidades. E que podem se expandir, a curto e médio prazos, com investimentos e ações bem planejadas nas áreas do turismo cultural, ecológico e rural, de atração de novas indústria compatíveis com a região, a expansão responsável da mineração, na educação básica e universitária, no avanço da ciência e da tecnologia com incubadoras de novos negócios e empreendimentos, nos serviços de saúde, na implantação de equipamentos de lazer.
É hora de unirem-se as três cidades da Rodovia dos Inconfidentes em um diálogo permanente e construtivo, no avanço de iniciativas que possam ser do interesse comum, adquirindo voz e interlocução políticas que atraia investimentos mas também recursos e outros apoios dos governos. Esta é uma antiga aspiração que se torna oportuna no início de novas gestões mas também pelo crítico momento que vivemos, em que a cooperação solidária se impõe. Este diálogo será um importante exemplo de civismo e de maturidade política, legitimado até pela herança histórica da região, que abriga as três capitais de Minas, quando comemoramos 300 anos da criação da Capitania da Minas do Ouro, surgida em 1720, nos levantes de Mariana e Ouro Preto.
Enfim, a realidade que vivemos nos coloca muitos problemas. Mas não são insuperáveis. Nada supera a gestão pública competente, sustentada por planejamento que indique prioridades, amparada por administração séria e consequente, comprometida com projetos e soluções viáveis e sustentada por diálogo permanente com as comunidades. Desde que prevaleçam a esperança e a boa vontade.
*Jornalista (mauro.werkema@gmail.com)