Mauro Werkema
O mundo em transformação a cada dia, senão em instantes, nos surpreende. Na base de todas as mudanças a Internet, que interconectou pessoas e todo o mundo. O mundo voltou a ter guerras, os E.U.A. tentam retomar uma hegemonia via guerra tarifária e abre possibilidades ainda não previstas.
Israel realiza um genocídio contra um povo pobre, aos olhos do mundo. A ONU, criada para estabelecer um novo diálogo entre nações, no pós-guerra, não tem mais seu poder de promover a paz. As previsões humanistas e de cooperação internacional anunciadas na passagem para o terceiro milênio já não mais se sustentam neste conturbado mundo.
O Brasil não foge a essa regra. O conflito político/ideológico acirra polarizações e impede avanços mesmo quando de interesse na nação, sem que os partidos políticos, governos e os poderes da República, conforme sua missão definida pela Constituição de 1988, consigam encontrar caminhos de pacificação, diálogo, entendimento e rumos em favor do País e dos seus objetivos permanentes, de desenvolvimento econômico e social e, sobretudo, redução das terríveis desigualdades sociais brasileiras. E o Brasil, paralisado, não avança na remoção de seus graves problemas.
Chegamos ao ponto de o Supremo Tribunal Federal, um pouco além de suas tradicionais funções, ter de servir de conciliador conforme a reunião do próximo dia 15, tentando encontrar um diálogo que supere o confronto entre os Poderes Legislativo e Executivo, incapazes de superar seus impasses. E assim, oferecem ao já traumatizado Brasil um novo aspecto da política brasileira em que o STF, via o já requisitado ministro Alexandre de Morais, assuma a missão de pacificador, certamente, surpreendente e inovadora. Mas esperamos que tenha sucesso nessa nova missão pacificadora e consiga preservar o direito de o Poder Executivo editar normas financeiro tributárias dentro de suas atribuições.
O Congresso Nacional com maioria opositora ao governo do Presidente Lula, hora dominado por um conservadorismo ideológico, reacionário, hora por já pensar nas eleições de 2026, em oposição à antecipada decisão do Presidente Lula de se candidatar pela quarta vez. E, neste confronto, paralisa-se o País. Mesmo quando se encontram na pauta do Congresso Nacional temas de importância para toda a nação, como a Reforma Tributária, o equilíbrio fiscal brasileiro e a busca de soluções para a redução de custos do próprio governo. Inchado de despesas que oneram o orçamento nacional.
E, assim o Brasil enfrenta seus conflitos e contradições no campo da política, justamente no momento em que recebe a reunião do BRICS e apela pelo diálogo, pela cooperação internacional, também muito conturbada pelas guerras, pela nova postura do E.U.A. e da guerra tarifária de Trump. Momento complexo, até contraditório, mas que vai refletindo esta realidade surpreendente de transformações inusitadas em todo mundo e no Brasil.
Resta-nos, em nome do bom senso, aguardar que a República Brasileira e seus poderes constitucionais, Executivo, Judiciário e Legislativo, possam encontrar caminhos comuns de diálogo e enfrentamento das graves e urgentes questões que afligem o povo brasileiro. Mas, há que se reconhecer que cabe também ao Governo Federal adotar medidas de contenção de gastos, equilibrando receita e despesa e propiciando investimentos no desenvolvimento econômico, na saúde e na educação.