A mineração vive o melhor momento de sua história, especialmente o minério de ferro, principal atividade econômica da Região dos Inconfidentes, beneficiando principalmente Itabirito, Ouro Preto, Mariana e distritos. O crescimento da demanda internacional, ocorrido sobretudo nos últimos meses de 2020, e que elevou-se ainda mais em 2022, provocou uma extraordinária elevação de preços pela tonelada de minério de ferro, especialmente pela China, Japão e países europeus. A tonelada do minério alcança hoje preços um pouco acima de US$ enquanto os “pelletz”, pelotas de ferro com redução primária, chega aos US$ 250 dólares.
O resultado é um crescimento também extraordinário no faturamento das mineradoras já em atuação, especialmente da Vale, dominante na região, como também uma corrida pela exploração de novas jazidas e com a abertura de nova minerações. A demanda estimula a Samarco a acelerar o retorno da mineração de Mariana e Catas Altas, hoje em pouco mais de 30% do que foi antes do rompimento da Barragem do Fundão. A empresa já anunciou que espera dobrar sua produção até o final deste ano, reativando também as usinas de “pelletz” existentes em Mariana e no porto de exportação no Espírito Santo.
Vale lembrar que o royalty do minério, a Contribuição Financeira pela Exploração Mineral, devida aos municípios mineradores, elevou-se dos antigos 2% para 3,5% agora incidentes sobre a renda bruta, no caso do minério de ferro, o que aumentou bastante o recurso repassado às prefeituras. Cidades como Itabirito, Mariana e Ouro Preto vem tendo sucessivos aumentos na sua arrecadação. E não só pelo royalty do minério, mas também com a retomada da economia devido à redução da propagação da epidemia. Também o setor serviço retomou bastante suas atividades, reforçando as receitas municipais. Até o setor turístico também já demonstra uma retomada.
Ocorre igualmente, como já dito, a abertura de novas explorações minerais: a Vale já iniciou a retomada da mineração do Capanema, que enviará sua produção para ser transportado por ferrovia a partir do embarcadouro de Timpopeba, em Mariana. E na região de Acuruí, distrito de Itabirito, uma nova mineração iniciou-se com plena velocidade, usando caminhões para transporte do minério pela estrada que leva da Br-356 até a mina, passando pela região do Maracujá, para susto dos moradores e sitiantes, preocupados com os caminhões pesados que transitam na estrada já congestionada. Em Itabirito, aumentou a retirada do minério do Pico como também a produção da usina de “pellets’, no alto da Serra. Causa preocupação as volumosas barragens de rejeitos, especialmente da mineração do Pico, que tira minério desde 1942 e que ampliou ainda mais a barragem de rejeitos que pode ser vista ao longo da Br5-356. Há noticias de novas minerações também na Serra do Ouro Preto, em áreas já adquiridas.
Esperamos que as mineradoras estejam tomando maiores cuidados com a questão ambiental, além dos perigos das barragens. Os desastres de Mariana e Brumadinho ainda estão em debate e na memória de todos E o IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) tem realizado reuniões e feito publicações alertando as empresas sobre os cuidados ambientais e a imperiosa necessidade de controle das barragens de rejeitos. Outra preocupação ocorre também com relação ao bom uso dos recursos, pelas prefeituras, das receitas do “royalty”. A elevação das receitas atinge a até 30% a mais dos volumes recebidos há quase dois anos.
Esta nova arrecadação permite um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social da Região dos Inconfidentes. Desde que os recursos sejam bem aplicados no incentivo à atração de novos empreendimentos, melhoria de infra-estrutura e na área social, educação, saúde, melhorias urbanas. A legislação da Cefem proíbe seu uso para pagar funcionários, o que vem sendo descumprido pelas prefeituras, conforme várias vezes denunciado pelo Ibram. No mais, é extremamente justo que as mineradores, com os lucros extraordinários que estão obtendo, realizem também investimentos em projetos de interesse das comunidades. Afinal, o minério é uma riqueza dos municípios e suas populações, que merecem melhores condições de qualidade de vida, em razão do seu rico subsolo.
*mauro.werkema@gmail.com