O Liberal
Carta aos Tempos
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Já na metade de 2024, temos que pensar no futuro próximo do Brasil

Mauro Werkema

Já iniciados no segundo semestre de 2024 e tendo em vista a velocidade das mudanças nos tempos atuais, cabe indagar sobre o futuro próximo deste imenso e complexo Brasil. O que podemos esperar dos diversos processos, debates e decisões em curso e o que poderá resultar das eleições municipais deste ano que, nas devidas repercussões, certamente já serão um indicador dos caminhos e tendências para onde caminhamos. É claro que a questão econômica é a mais importante porque rege o desenvolvimento nacional, pode reduzir as desigualdades sociais, retomar um crescimento sustentável e a geração de empregos e rendas e facilitar novos caminhos de prosperidade, compatíveis com as imensas potencialidades naturais brasileiras.

Anuncia-se que o Brasil caminha para ser a oitava economia do mundo, retomando uma posição que já teve, se mantido o crescimento do PIB nacional entre 2,5% e 3%, possibilidades concretas segundo previsões confiáveis. E alimentam esta possibilidade outros indicadores econômicos, como a inflação controlada e abaixo da meta-limite de 4%, o desemprego reduzido para 7%, os impactos esperados da reforma tributária e fiscal, já com o novo “arcabouço” aprovado pela Câmara Federal como também o seu regulamento, a ser submetido ainda ao Senado, mas cuja aprovação será obtida.

Não há dúvida, apesar das divergências políticas e ideológicas que ainda dividem o país, que o Brasil tem vastas condições de construir um futuro melhor. Apesar dos juros altos e, especialmente, com uma taxa Selic de 10,5%, bastante elevada, devido a posições do Banco Central, setores da economia, como o de serviços, comércio e agropecuária, vem apresentando bons desempenhos e mostram novos investimentos. Taxa tão elevada só ajuda aos especuladores, o chamado “mercado” que só pensa nos seus ganhos. É razoável, por outro lado, esperar que a taxa de juros possa cair ainda mais em prazo mais curto, facilitando o crédito, a vida financeira das empresas e até a vida dos cidadãos que dependem de prestações e de serviços bancários. 

Há confiança nas autoridades monetárias brasileiras, especialmente no ministro Fernando Haddad como também em setores empresariais mais responsáveis que estão retomando investimentos, como indicam os números de financiamentos liberados pelo BNDES. O diálogo técnico entre empresários e a equipe técnica é bom e a incógnita maior ainda é a conduta do Congresso Nacional, que é lento, dominado por interesses nem sempre em favor do bem comum. Os favorecimentos de grupos de interesses, representados no Congresso, Câmara e Senado, acabam por ampliar privilégios e aumentar dispêndios públicos em razão da permanência de privilégios, vantagens nem sempre justificáveis, aumentado a carga tributária.

Há questões e setores a merecer maior atenção: é preciso elevar a exportação que gera recursos de reinvestimento industrial, é preciso reduzir a tributação de setores estratégicos para os mercados interno e externo, controlar os gastos públicos para reduzir os deficits orçamentários, realizar novos investimentos em setores fundamentais, com a renovação energética, sustentar a educação e a saúde públicas, captar novos parcerias internacionais de interesse nacional es, sobretudo, ter um plano financeiro sustentável para os próximos anos, garantindo um ambiente confiável para empresários, cidadãos e instituições que sustentam setores importantes da vida nacional. 

Há, no entanto, muitas incertezas a enfrentar e não só no campo econômico ou político. A questão climática surge como o principal e o mais grave problema: basta ver o que aconteceu no RGS e nas queimadas no Pantanal. Ou na destruição da cobertura vegetal da Amazônia. São questões urgentes, a exigir planejamento objetivo e com elevado investimento. Bastaria ver o quanto custa remover ocupações de áreas perigosas que anualmente causam mortes. E devemos cuidar também, com urgência, da questão da oferta de alimentos, que faltam na mesa de milhares de brasileiros onde a fome ainda impera. Falta um programa amplo de sustentação alimentar, fator principal do custo de vida que penaliza os mais pobres. Enfim, são todas questões urgentes que precisam entrar na prioridade governamental.

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