Passa veloz o nosso tempo. E já estamos na segunda década do século XXI. Estão melhores o mundo, o Brasil? E o que estes tempos atuais nos permitem antever para o futuro próximo? Inevitavelmente nos lembramos da passagem do milênio, no ano dois mil, quando eram muitas as previsões e análises prospectivas e antecipatórias, em geral otimistas, quanto um melhor novo mundo no século XXI. O mundo, globalizado, permitia prever que seria melhor o diálogo construtivo entre nações. E que permitia prever uma nova solidariedade internacional, de cooperação, de intercâmbio econômico, científico, cultural e certamente civilizatório. Acreditava-se que o impacto das Tecnologias da Informação, via a Internet, produziria um novo mundo, um novo tempo, com ampliação do conhecimento, da educação e das práticas da vida saudável. Enfim, novas nações, um novo homem, uma nova sociedade. E tudo isto ocorreu?
Vemos que as ideologias ainda provocam a guerra fria. E não evoluiu o diálogo que pusesse fim à corrida armamentista. E as conquistas da Medicina e do conhecimento não foram colocadas à disposição de todos. Persistem bolsões de miséria, de doenças e de guerras fratricidas e raciais. Surgiu o estranho e radical Estado Islâmico que mata e invade pelo fanatismo religioso. Aumentam os expatriados, refugiados pelas guerras ou fugidos da fome. Cidades e civis são bombardeados. Os índices de indigência social, a fome, a pobreza extrema, ainda convivem com riquezas concentradas e os governos não conseguem remover as desigualdades extremas que impedem milhares de ter acesso aos bens da civilização. E agora a epidemia que traz a previsão que pode ter vindo para ficar, até com outras variantes.
E o nosso Brasil, que provoca muitas discussões e incertezas quanto à contemporaneidade e especialmente sobre o futuro? Para onde caminhamos e o que podemos esperar em tempos próximos? Conseguiremos até o fim deste 2021 ter vacinado pelo menos 80% da população, com as duas doses? E que retornemos à vida normal? E a disputa política nos permitirá ter renovados anseios de tempos melhores a partir da eleição de 2022? A política poderá encontrar, a médio prazo, uma nova etapa da história brasileira, de realizações, desenvolvimento, melhoria das condições sociais, do emprego, da saúde, da educação, da habitação? E da gestão pública, dos governos e poderes republicanos, essenciais à construção de uma nova ordem política e da normalidade democrática?
A verdade é que o momento que vivemos não permite afirmações categóricas, conclusivas, infelizmente. Pariam dúvidas e incertezas, na evolução política, na economia, na saúde pública, na retomada da educação, da pesquisa científica e tecnológica, na retomada da produção cultural e artística, nas atividades empresariais, no turismo, na geração de empregos e muito mais. Haverá a retomada de investimentos públicos capaz de alavancar o capital privado criando condições para termos um novo tempo de crescimento econômico? E conseguiremos ter, a partir das eleições de 2022, uma classe política melhor, que pense menos em si e mais em favor da sociedade?
Afinal, perguntam alguns, mais fatalistas? O Brasil tem jeito? Afinal, temos vasto território, mais de 8 mil km de fronteiras marítimas, solo rico para a exploração agrícola que nos capacita como um celeiro do mundo, e um subsolo rico de minerais valiosos? E um povo criativo e com capacidade de trabalho, desde que devidamente preparado e educado? E as elites brasileiras estariam dispostas a, finalmente, elaborarem um Plano Brasil, pensando na construção de um futuro compatível com nossas heranças naturais e aptidões humanas? Enfim, os impasses brasileiros nos convidam a estas reflexões, que tem que ser feitas, evitando a imobilidade, a indiferença, a passividade, o desinteresse. E já é hora de pensar, discutir, formular, contribuir, com consciência, interesse e participação.
*Jornalista (maurowerkema@gmail.com)