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Carta aos Tempos
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Enfrentar os desastres climáticos torna-se prioridade para o mundo

Mauro Werkema

A Rio-92, há 32 anos, já advertia o mundo sobre as catástrofes que a destruição da natureza poderia causar à vida no Planeta Terra. Neste tempo várias reuniões sobre o clima ocorreram em várias cidades e países, destacando-se a de Paris, onde foram elaboradas recomendações bastante claras, com base em estudos científicos, sobre a necessidade de eliminação dos fatores e causas que deterioram a natureza, como a destruição de florestas, a poluição das águas, as alterações climáticas do regime de chuvas e geração de tempestades, a elevação da temperatura dos mares provocando tufões e furacões, a alteração dos trajetos dos rios, queimadas de florestas, quedas de camadas polares, a emissão de gases que destroem a proteção natural do plano e geração excessiva de gás carbônico e do metano.

Só que a ONU, através de sua área específica de estudo e controle ambiental, acaba de divulgar extenso relatório em que constata que pouco ou quase nada evoluíram as medidas de contenção da crise climática, embora tenham resultado de compromissos de quase todos os países do mundo, inclusive o Brasil. E, ao que indica o estudo da ONU, esta continua sendo a maior ameaça à vida na terra não só para os humanos para os animais e vegetais. E, o que vemos, a cada dia, são os fenômenos climáticos acontecendo, cada dia mais destrutivos, em reação ao desequilíbrio da natureza pelas intervenções humanas.

Este é o maior desafio da contemporaneidade. Só que vital que se tornou, no momento, vital porque dele depende hoje a vida na Terra. E o que é mais dramático: realmente não é fácil mudar práticas do mundo atual, eliminar as fontes de poluição e as intervenções destrutivas da natureza, na sua amplitude e complexidade. Exigirão rigor de intervenções, planejamento estrutural e amplo, enormes recursos, alterações econômicas e de plantas industriais poluentes, remoção de área de risco e de ocupações perigosas, eliminar o desmatamento e as intervenções danosas as reservas naturais. E, sobretudo, dependem da consciência de muitos, governos, organizações diversas e muito mais.

Trata-se, como se pode constatar, do maior desafio da Humanidade e o maior dilema de sua longa história. O homem, os governos, as instituições de qualquer natureza, manifestam sua preocupação, mas as providências objetivas ainda não são satisfatórias. Vetores e fatores de poluição já estão diagnosticados e apontados. E certo também que se ampliou extraordinariamente a consciência de que a questão climática e as ocorrências extremas são a maior ameaça à vida. As pesquisas científicas avançaram extraordinariamente no conhecimento dos fatores poluentes e na identificação dos males que causam. A crise climática é o tema mais discutido a atualidade, mas, como diz a ONU, não gerou ainda ações objetivas de combate à destruição do mundo em que vivemos.

Por que acontece esta inatividade? Parece não ser apenas decorrente da amplitude das intervenções necessárias, que preveem alterações no próprio estilo de vida das populações atuais e suas economias, especialmente a industrial e o agronegócio predatório. Não falta consciência da gravidade da situação como também dos desastres ambientais que ocorrem em todo o mundo. Mas falta vontade política decisiva e determinante no sentido de um enfrentamento mais rigoroso e persistente dos governos e instituições.

Basta ver o que ocorre no Brasil. O desmatamento continua, o fogo criminoso é usado para transformar coberturas nativas em pastos, o garimpo predatório e ilegal destrói a natureza e invade terras indígenas preservadas, a mineração ainda não cuida da recuperação de áreas mineradas conforme determina a legislação, as ocupações desordenadas alteram as periferias urbanas em questão complexa e de difícil enfrentamento. Ocupações urbanas em áreas de risco continuam. E assim por diante.

A Cúpula de Países do G-20, os maiores riscos do mundo, reunidas no Rio, dedicou-se ao tema e procura estabelecer ações concretas para todos. Diagnósticos são feitos e avançam no conhecimento do que precisa ser feito. E, nas reuniões, os países concordam. Mas ainda há dúvidas se o mundo tomará mesmo as medidas que possam conter, evitar ou minimizar as agressões à natureza. Trata-se, por tudo que assistimos de catástrofes, do maior dilema do mundo.

maurowerkema@gmail.com

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