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Carta aos Tempos
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É preciso pensar no pós-epidemia

Estima-se que as economias do setor terciário, ou seja, prestadoras de serviços, serão as mais atingidas pela crise que sucederá à epidemia do Covi-19. Ouro Preto será uma das mais atingidas pela redução da oferta dos seus empregos e geração de salários ou renda, especialmente dos diversos setores ligados a prestação de serviços concentrados no setor turístico. Salva-se de um desastre maior devido ao dois outros grandes empregadores, a UFOP e seus funcionários e o que trazem os alunos para sua sustentação, e a Prefeitura, que hoje tem quase três funcionários. O setor mineral não tem maior peso no emprego mas ajuda com as receitas do Cefem (royalty) do minério transferidas à Prefeitura, ampliadas a partir de 2019, quando passaram a ser de 3,5% da receita bruta.

O turismo movimenta uma imensa cadeia de serviços. A hotelaria, que compreende mais de 60 hotéis e pousadas, o setor de alimentação, com cerca de 40 restaurantes, as lojas de souvenirs e outras, os diversos prestadores de serviços de recepção, orientação e encaminhamentos de visitantes, nos atrativos, igrejas, museus, cicerones e recepções, todos estarão quase imobilizados enquanto durar o temor da epidemia e, certamente, sofrerão maior tempo, enquanto não se restabelecer plenamente o fluxo de visitantes. No momento, não há previsão de retorno nem em médio prazo.

Uma espécie de união cívica já deveria ter sido convocada em Ouro Preto para tentar elaborar programas de emergência. Ou, pelo menos, começar a discutir ações e planos emergenciais. Será necessário socorrer os mais necessitados, os mais pobres, que se sustentavam numa precária prestação de serviços e empregos temporários. E abrir redes de solidariedade, com apoios diversos, especialmente na área de alimentação. É possível armar um programa de trabalho temporário, na Prefeitura e outras instituições, permitindo a sustentação de pessoas em situação de maior exclusão social. E necessário também ter ideias para que seja solicitado apoio especial aos governos do Estado e federal e a entidades publicas e privadas com mais recursos. É possível estimular o retorno do fluxo turístico quando extinta a epidemia, abreviando a superação da crise com ofertas especiais e criatividade na atração de visitantes, com promoções especiais.

Enfim, é preciso desde já pensar o que pode ser feito para enfrentar a crise e reduzir seus efeitos negativos. E deve ser tarefa que envolva todas as instituições públicas e privadas, bem como a população, num esforço amplo e solidário. É hora também de os candidatos à Prefeitura e à Câmara se voltarem objetivamente para a recessão econômica e social que já se anuncia. Que deixem a mera aspiração de poder para adotarem um debate voltado para a cidade e a crise anunciada, como minorar seus efeitos negativos, bem como discutirem questões como a inclusão social, a abertura de empregos, o aproveitamento real das vocações da cidade, a modernização da Prefeitura. E que pensem e discutam a imperiosa necessidade de renovação política e de práticas de gestão, olhando para o futuro e não para o passado.

E que a dramática situação que todos estamos vivendo, em todo o mundo, gere a consciência de que a solidariedade, a cooperação e a convivência saudáveis, o dialogo e a busca de convergência entre governos, instituições, homens e mulheres de boa vontade, nos revela a grande lição de que cada vez mais precisaremos de todos para a superação de doenças, guerras, pobrezas.

*Jornalista (mwerkema@uol.com.br)

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