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Carta aos Tempos
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É hora de pensar na recuperação

São muitas a previsões de analistas econômicos credenciados de que é essencial começar a pensar na recuperação econômica e empresarial e garantir, ano que vem, desempenhos elevados que possam minimizar perdas com a epidemia e a quarentena. É preciso discutir e planejar, desde já, o esforço de retomada dos negócios e atividades em geral, através de um esforço solidário que conte não só com recursos próprios mas o apoio público e técnico das instâncias governamentais. E esperamos todos que em princípios de 2021 estaremos livres da epidemia com as vacinas que já se anunciam ainda para 2020. O recolhimento social em quarentena terá passado, permitindo que ocorra a reabertura empresarial e de serviços e a retomada dos empregos, com a volta do poder de compra, movimentando a economia.

No caso de Ouro Preto e Mariana, como também para toda a Região dos Inconfidentes, incluindo Itabirito, existem previsões de que deveremos ter um 2021 muito melhor não só pelo retorno das atividades econômicas em geral, com a volta do fluxo turístico, mesmo de forma comedida, mas pela ampliação da mineração, com novos investimentos alimentados pela elevação do preço atual do minério de ferro, que está acima de 100 dólares a tonelada e uma maior demanda dos mercados internacionais. E recursos contidos em 2020 deverão ser investidos até em expansões, conforme o andamento da reabertura.

A direção da Vale confirma o retorno da Samarco ainda para este ano, o que trará significativa elevação da Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (Cefem), o royalty do minério, atualmente em 3,5% da receita bruta. Estão previstas duas novas minerações em Ouro Preto, com o retorno da exploração na Serra do Espinhaço, na antiga mina do Capanema, próxima de Glaura, pela Vale, e em trecho mais próximo da cidade, em áreas que pertenceram à antiga Fazenda da Caieira e adquiridas por empresa estrangeira em parceria, também com a Vale. E também novos investimentos em áreas de suporte, além dos recursos já pagos pela Vale e BHP Bilington como ressarcimento pelo desastre da Barragem do Fundão. A UFOP retorna às aulas e espera-se que volte o fluxo de turistas, embora em volume que ainda não dá para prever.

Nos últimos meses, as entidade da indústria e do comércio, entre elas a Fiemg e a ACMinas, mas também órgãos técnicos do Governo do Estado, discutem o retorno da economia e sugerem uma serie de medidas de estímulo à recuperação, já com lista de providências. Mas sugerem a criação, já pelos governos municipais, de uma espécie de Escritório de Recuperação, que já possa iniciar diagnósticos, levantamentos e indicações precisas sobre como não só estimular iniciativas mas amparar e apoiar setores ou situações que apresentem maiores dificuldades de retomada. Envolveria a Prefeitura e Câmara Municipal, órgãos dos governos federal e estadual, Poder Judiciário, UFOP e o setor empresarial, especialmente o comércio e os ramos da cultura e do turismo. Este órgão, com assessoria técnica, acompanharia a recuperação, indicaria facilidades e dificuldades, sugeriria providências e definiria apoios específicos, inclusive financeiros, nos casos mais difíceis ou mais necessitados.

Tais providências, segundo as análises já elaboradas, facilitaria muito o retorno à plena atividade econômica, empresarial e à própria vida municipal. Em parte ainda faria o papel do Escritório de Crise para indicar apoio a setores e empreendimentos necessitados. Trata-se, enfim, de um esforço solidário comunitário, com conhecimento amplo de todos os setores e o grau de retração econômica e empresarial e as dificuldades do retorno. E certamente contaria com o apoio das mineradoras que atuam na região e com os órgãos técnicos do Governo do Estado, constituindo uma experiência didática de cidadania, de demonstração de solidariedade comunitária, acima das lutas políticas e partidárias determinadas pela sucessão municipal. 

*Jornalista (mauro.werkema@gmail.com) 

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