Por Mauro Werkema
O extermínio do povo palestino não pode ser a solução para o contínuo e já muito longo conflito entre Israel e os árabes e, especialmente, a população palestina da Faixa de Caza. Igualmente, o ataque extremista realizado pelo grupo Hamas contra civis israelenses não pode ser aceito ou naturalizado e justifica as condenações que vem sofrendo por todo o mundo civilizado. A guerra entre Israel e a Palestina, por sua crueldade, irracionalidade e morticínio, afronta e constrange a todo o mundo, assim como também o conflito entre a Russa e a Ucrânia. E revela até que ponto pode chegar a falta de diálogo que, infelizmente, na segunda década do Terceiro Milênio, ainda ocorre, com uso de bombardeios, ataques a populações civis desprotegidas e extremistas, em verdadeiros genocídios que não excluem crianças, mulheres e idosos.
E fica evidenciada também a incapacidade da ONU de conseguir retomar o diálogo ou, pelo menos, conseguir a criação de um “corredor humantário”, que permita a retirada das zonas de guerra de feridos e pessoas com dificuldade de proteção ou locomoção. A insensatez torna o famoso Conselho de Segurança da ONU, criado justamente para mediar conflitos, em um órgão inútil e que não consegue consensos mínimos mesmo quanto o mundo está assistindo atrocidades em larga escala, com o uso indiscriminado das armas de guerra, com seu potencial ofensivo ampliado.
O conflito árabe-israelense é antigo e praticamente se inicia quando da criação do Estado de Israel, decisão da ONU em 1948, presidida pelo então chanceler brasileiro, Osvaldo Aranha. Sob a liderança de Bem Gurion, judeus errantes de várias origens, mas, e especialmente, os libertos de campos de concentração do nazismo, e os perseguidos em várias partes do mundo, foram enviados para Israel, com pleno e justo direito de terem uma pátria, um território para viver.
Mas, infelizmente, nunca houve paz. E a história de Israel revela muitos e igualmente graves conflitos, especialmente com os povos árabes ocupantes da Palestina que, tanto quanto os judeus, já ocupavam seus territórios desde os tempos bíblicos. E os confrontos originaram-se não só pela ocupação de territórios, mas pelos conflitos religiosos, alimentados por ódios extremos e e que vitimaram milhares de homens e mulheres de ambos os lados. E que já envolveram outros países. O expansionismo de Israel nos territórios palestinos, na Cisjordânia e também na Síria e no Líbano, e como aconteceu também com o Egito, alimentaram ainda mais ódios e conflitos. E tornaram muito difícil qualquer entendimento ou mesmo quaisquer tentativas de diálogo.
A carnificina realizada pelo Hamas é absolutamente condenável e merece resposta. Mas não pode ser uma guerra de aniquilação, como Israel realiza, uma espécie de “sentença de morte”, não só pelo bombardeio, mas pela expulsão dos habitantes da Faixa de Gaza de seus antigos primitivos territórios. E pela “condenação à morte” dos moradores, que não tem alimentos, água, energia, medicamentos e atendimento hospitalar. E o radicalismo, alimentado pelo ódio racial, religiosos, guerreiro, e muitos e antigos traumas, não abre possibilidades de paz, mesmo temporária, para salvação de vidas e reconstrução de um novo ordenamento social, sustentado por um diálogo mínimo. Nos extremos, os EUA, de um lado e, de outro, o Iran, estimulam a guerra com armas e expressam o mesmo ódio, entre interesses políticos também injustificáveis. E o mundo todo, consternado, assiste às dramáticas cenas de uma guerra, extremamente cruel, impiedosa, com todas as nuances de genocídios.
Há que se ressaltar posturas e condutas do Brasil, pelo esforço em favor do diálogo e criação de um “corredor humanitário” em Caza como também pelo repatriamento de brasileiros pela FAB. O Brasil tentou, repetidamente, obter ações mais concretas da ONU e a diplomacia brasileira trabalhou intensamente na criação de caminhos para trazer brasileiros.
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