Mauro Werkema
Daqui a oito dias os brasileiros irão comparecer às urnas para darem seu voto pelo Brasil, a festa maior da democracia. A eleição, nestes dias finais da campanha, se afunila numa polaridade entre os dois candidatos mais bem situados nas pesquisas, Lula e Bolsonaro, com posições, pensamentos, visões do mundo, do Brasil e manifestações ideológicas bem diferentes. Em um resumo possível, o candidato do PT, à esquerda brasileira e, o candidato do PL, da direita conservadora e reacionária, seguindo modelo do pensamento autoritário que sobrevive e em parte do mundo, protagonizam um debate acirrado, nem sempre objetivo no sentido de permitir a discussão de projetos e programas específicos. O modo de pensar e as propostas são bem antagônicas, refletindo diferenças ideológicas e programáticas e que acabam por reduzir os debates sobre a questão mais grave do Brasil, que é a gritante desigualdade social. E que se agravou no Brasil nos últimos nos.
Concordam os analistas do Brasil contemporâneo que não há possibilidade de sucesso de qualquer governante, com qualquer programa, se não tiver, como prioridade absoluta, a redução das gritantes desigualdades sociais no Brasil. Temos um país rico, de dimensões continentais, com oito mil km de costas marítimas, com terras férteis para a produção agropecuária, subsolos ricos em matérias minerais, com universidades e institutos tecnológicos capazes de formar recursos humanos a alta das demandas do mundo contemporâneo. E, no entanto, as estatísticas mostram um percentual, acima de 10%, do desemprego. E assinalam ainda que perto de 30 milhões de brasileiros estão no limite da fome. E que persistem no Brasil bolsões extremos de pobreza e miséria, de doenças e exclusão social.
Cabe ao eleitor pensar nesta questão básica e crucial ao exercer seu voto no segredo da cabine e votação. E não só para a escolha de presidentes da República, mas também para governadores e parlamentares. O voto de cada um é importante e precisa refletir sua consciência mas também representar efetiva contribuição para um Brasil melhor, mais justo, comprometido com um futuro socialmente mais equilibrado e fraterno. As condutas dos dois candidatos mais lembrados permite a visão do que são, do que foram, do que prometem no futuro, o que desempenharam nos seus governos e mandatos. E, se efetivamente, tem compromisso com as transformações que todos esperam.
Os indicadores econômicos e sociais brasileiros indicam grave crise crônica. E que já não pode ser explicada apenas pelos dois anos da epidemia. Muitos são as dificuldades, os empecilhos, os desvios de conduta e de visão, mas que podem ser vencidos e removidos com boa gestão pública, operante, competente e verdadeiramente comprometida com um futuro melhor. Não é possível que o Brasil retroceda, que fique parado no tempo e nas mudanças, na incapacidade de sua classe política, com a paralisia de empresários e instituições que não tenham compromissos com a transformação da realidade nefasta e injusta para com milhares de brasileiros.
Este é o apelo maior que se pode fazer ao eleitor e cidadão, dispostos a dar seu voto pelo Brasil. Escolher os melhores, com a melhor visão de futuro, as propostas transformadoras, com compromisso social, progressistas, que trazem a disposição de vencer o imobilismo. Que saibam, na cabine indevassável, no ato de realizar o seu voto, ter consciência da sua missão e da importância de sua escolha. E que tenham cuidado com as propostas demagógicas, de candidatos que só pensam na manutenção do seu mandato, que fazem da representação parlamentar um meio de vida, em geral pessoas sem consciência política, sem compromisso com as transformações sociais e econômicas. E, infelizmente, são muitos que só pensam em si e em se perpetuar nas benesses do poder.
As mídias sociais, a Internet e seu extraordinário avanço no mundo contemporâneo, funcionam para o bem e para o mal. Cumprem o papel de informar e difundir informações em tempo instantâneo e servem à nova ordem globalizante. Mas também servem à desinformação, à difusão de notícias falsas. E, perante as campanhas eleitorais, cumprem este duplo papel. Cabe também ao eleitor consciente saber discernir o falso do verdadeiro, a manipulação maldosa, de realidades e verdades. Enfim, estas são lembranças úteis e necessárias para todos que no dia 7 de outubro próximo irão às urnas.
*Historiador e jornalista – maurowerkema@gmail.com