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Carta aos Tempos
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Com alegria e multidões renasce o Carnaval da pós epidemia

Mauro Werkema

Festa tipicamente pagã, de exaltação coletiva da alegria e da sensualidade, que permite extravasar opiniões, cantos, críticas, que cultiva a espontaneidade e uma espécie de liberdade consensual, revelam a multicolorida paisagem humana brasileira, o Carnaval retorna ao Brasil e alcança as cidades, bairros, ruas. E mostra o caráter do brasileiro, de todas as origens, pobres e ricos, de todas as origens, irmanados na grande festa. O brasileiro é isto e tem no Carnaval seu momento de alegria, de vivência aberta e democrática, tolerante, engraçada, satírica que aproveita os momentos de intensa liberdade. O Carnaval, na melhor das definições, “é uma festa que o povo dá a sí mesmo” e que expressa seus sentimentos, visões, opiniões, críticas e censuras.

Nas fantasias, nas marchas e músicas carnavalescas, nos repertórios de blocos e suas mensagens, o brasileiro expressa sua satisfação pelo retorno da grande festa popular, que renasce em grande estilo e renovada e ampliada participação. Exaltam a vacina que vendeu a reclusão da Covid, celebram a livre manifestação, a chegada de um novo ano e a esperança de um novo tempo que tenha menos ódio, menos conflitos e reabra a possibilidade de reconstrução da vida, apesar e além das muitas dificuldades que ainda se apresentam para todos.

Em meio à grande folia, de todos e para todos, surgem com dimensões novas os blocos de rua, abertos, tribais, bairristas, com afinidades nas motivações e críticas sociais e políticas, quase familiares, mais seguros e sem custos, que ocupam os espaços públicos com multidões. As escolas de samba, mais tradicionalistas, mas também essenciais no Carnaval, com raízes mais antigas e tradicionais, com carros alegóricos, alas de fantasias, passistas, baterias e samba-enredo, completam a festa. Tudo cabe na festa momesca que revela a alma brasileira, em que a alegria é celebrada como momento de esquecer as dificuldades da vida.

É importante lembrar que o Carnaval estimula várias atividades das economias locais, hotéis, restaurantes, a indústria cultural criativa, o turismo, a indústrias de alimentação, bebidas, costura e vestuário, atividades artísticas em geral e várias outras ações diretas ou indiretas de apoio à festa e que incrementam a criatividade popular.

É claro que os poderes públicos têm missões e responsabilidades decisivas no planejamento, na regulamentação, no uso dos espaços públicos, nas questões de segurança, na prestação de serviços de saúde e atendimentos emergenciais, trânsito, na defesa de patrimônios públicos, na limpeza urbana. Há limites a serem observados, com responsabilidade maior dos poderes públicos, para garantia da integridade dos cidadãos e para que a grande festa ocorra com a segurança e observância do planejamento prévio. E que todos aproveitem para revelar sua alegria, celebrarem a vida, cantarem e dançarem como podem e merecem.

maurowerkema@gmail.com

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